Definição de quotas para aço deve reduzir volume exportado, mas impacto será limitado, diz associação do setor

Governo dos EUA decidiu interromper negociação com o Brasil e aplicou medidas restritivas.

Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1

02/05/2018 16h16 Atualizado há 14 horas

O sistema de quotas definido pelos Estados Unidos para o aço brasileiro vai reduzir o volume exportado pelo Brasil, mas o impacto deve ser limitado, garantiu o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, nesta quarta-feira (2).

O modelo de quotas definido é o de hard quota (quota dura), ou seja, se o total estipulado de exportação for ultrapassado, não será mais possível vender o produto para os EUA. Os dois países ainda precisam definir detalhes do modelo e, quando o sistema começar a vigorar, terá validade retroativa a janeiro deste ano.

Veja impacto da quota do aço nas exportações esperados pelas siderúrgicas:

  • queda de 7,4% na exportação dos produtos semiacabados
  • Para os acadados, retração deve ser de 20% a 60% nos acabados

A definição das quotas terá como base a média exportada pelo Brasil para a economia norte-americana no período de 2015 a 2017. Segundo a Instituto Aço Brasil, esse valor é de 3,5 milhões de toneladas para semiacabados e de 496 mil toneladas de produtos acabados.

Em relação ao que foi exportado no ano passado, essa média representa uma queda de 7,4% nos produtos semiacabados e de 20% a 60% nos acabados, dependendo da linha do produto.

A avaliação da entidade é que o Brasil será pouco afetado porque 80% do que é exportado para os EUA é de produto semiacabados.

“No caso de semiacabados, o cenário não é todo ruim. O nosso entendimento é de que vai faltar aço nos EUA e que eventuais ajustes poderão ser realizados”, disse o presidente do Instituto Aço Brasil.

Capacidade

Atualmente, o setor de aço brasileiro utiliza 68% da capacidade instalada – o ideal é que fique próximo de 80%. Os Estados Unidos adotaram a medida restritiva com o objetivo de elevar o uso da capacidade instalada de 74% para os 80%.

Com a decisão, conseguimos assegurar a manutenção do uso da capacidade instalada”, disse Mello Lopes. “Agora, vamos buscar outros mercados e trabalhar para que o mercado interno tenha uma recuperação mais efetiva.”

Negociação

O governo brasileiro informou nesta quarta-feira que os EUA interromperam as negociações e decidiram aplicar medidas restritivas para a importação de aço e alumínio brasileiro que estavam temporariamente suspensas.

Com a decisão, já conhecida pelo setor na semana passada, a dicussão passou a ser qual opção seria a mais vantajosa – se a adoção de quotas ou a sobretaxa de 25%.

Foi uma imposição do governo dos EUA de pegar ou largar”, diz Mello Lopes.

As novas taxas para a importação de aço e alumínio foram impostas no começo de março pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A medida começou a valer em 23 de março, mas o Brasil e outros parceiros comerciais dos EUA ficaram de fora e tem até 1º de maio para chegar a um acordo. Desde então, os dois países buscaram uma negociação bilateral para o caso.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA e as vendas para o país representam um terço das exportações brasileiras do produto.

× Como posso te ajudar?