Na comparação com setembro, queda foi de 0,4%, pior resultado para o mês desde 2013. Em 12 meses, avanço desacelerou de 2,8% em setembro, para 2,7% em outubro.

Por Darlan Alvarenga, G1

13/12/2018

As vendas do comércio varejista brasileiro registraram queda de 0,4% em outubro, na comparação com setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já na comparação com outubro do ano passado, houve alta de 1,9%.

Apesar de se tratar da segunda queda mensal consecutiva, o varejo ainda acumula alta de 2,2% no ano. Em 12 meses, o avanço desacelerou de 2,8% em setembro, para 2,7% em outubro, o que reforça a leitura de recuperação lenta do setor e da economia brasileira.

A queda de 0,4%, na comparação com o mês imediatamente anterior, é o pior resultado para meses de outubro desde 2013, quando também houve recuo de 0,4%.

O resultado veio abaixo do esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,10%na comparação mensal e de avanço de 3,20% sobre um ano antes.

De acordo com a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, o resultado de outubro mostra uma perda de fôledo do setor. “Está mais distante do melhor ponto, que foi outubro de 2014. Nada disso tira o comércio da tendência de recuperação, mas de forma gradual. O setor praticamente repetiu o resultado do mês anterior”, avaliou.

Na comparação com setembro, 17 das 27 unidades da federação tiveram quedas nas vendas do comércio. As maiores quedas foram registradas em Rondônia (-4,0%), Distrito Federal (-3,4%) e Piauí (-2,7%). Entre as 10 com alta, a mais relevante foi em Roraima (2,8%).

Desempenho por segmento

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e motos e materiais de construção, o recuo foi um pouco menor em outubro: queda de 0,2% na comparação com setembro. Em relação a outubro de 2017, houve crescimento de 6,2%. O acumulado no ano subiu 5,3% e o dos últimos 12 meses recuou para 5,7%.

Entre os segmentos, as maiores quedas, na comparação com setembro, foram registradas nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (-7,4%), móveis e eletrodomésticos (-2,5%) e tecidos, vestuário e calçados (-2%).

Vendas do comércio por segmento:

  • Combustíveis e lubrificantes: -1,2%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,3%
  • Tecidos, vestuário e calçados: -2%
  • Móveis e eletrodomésticos: -2,5%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos: 0,9%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -7,4%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -0,8%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 0,7%
  • Veículos e motos, partes e peças: 0,1%
  • Material de construção: 1,3%

Segundo o IBGE, a queda nas vendas de combustíveis e lubrificantes exerceu a maior contribuição negativa para o resultado total do varejo em outubro. Nos últimos 12 meses, o indicador permaneceu negativo (-5,6%), e aumentou o ritmo de queda em relação ao acumulado até setembro (-5,1%).

Já a principal contribuição positiva para o mês veio do desempenho dos hipermercados e supermercados. Em 12 meses, a atividade registra alta de 4,4% nas vendas.

O pior desempenho, porém, é do segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, que registrou a 6ª queda mensal consecutiva. Em 12 meses, passou a acumular um recuo de 10,3% nas vendas.

Recuperação lenta e perspectivas

Com o desemprego ainda elevado, a economia brasileira tem mostrado um ritmo de recuperação ainda lento em 2018, mas nos últimos meses melhorou o otimismo de consumidores e empresários.

Segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV), a confiança do comércio cresceu em novembro e atingiu o maior patamar em mais de 4 anos. Já a confiança do consumidor avançou para o maior nível desde julho de 2014.

A economia brasileira avançou 0,8% no 3º trimestre. Para o ano de 2018, a expectativa é de uma alta de 1,30% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo a mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central. Para o ano que vem, a projeção do mercado financeiro para expansão da economia permanece em 2,53%.

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