Informações constam no relatório de Economia Bancária, divulgado pelo Banco Central.

Por Alexandro Martello, G1 — Brasília

28/05/2019

Os cinco maiores conglomerados bancários do país, Itaú-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Santander, fecharam o ano de 2018 com 84,8% do mercado de crédito e com 83,8% dos depósitos totais, informou o Banco Central nesta terça-feira (28).

Esse cálculo engloba os bancos comerciais, os múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas. Os dados estão no Relatório de Estabilidade Financeira do segundo semestre do ano passado.

Segundo o Banco Central, houve pequena queda em relação à concentração bancária registrada no fechamento de 2017, quando essas instituições financeiras detinham 85,8% de todas as operações de crédito e 85% dos depósitos bancários.

O BC já tinha informado, anteriormente, que a rentabilidade dos bancos brasileiros terminou 2018 no maior patamar em sete anos, e que o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5 bilhões no ano passado e, com isso, bateu recorde da série histórica, que começa em 1994.

Os dados foram divulgados em um momento de questionamento da concentração de mercado e do impacto disso nos juros bancários, que continuam em patamar elevado em relação ao resto do mundo, mesmo em um cenário de redução da taxa básica da economia. Atualmente, a taxa está na mínima histórica de 6,5% ao ano.

Informações do BC mostram que, em março (último dado disponível), os juros do cheque especial e do cartão de crédito voltaram a subir. No caso do cheque especial, a taxa foi de 317,9% ao ano, em fevereiro, para 322,7% ao ano, em março. Já os juros do cartão de crédito passaram de 295,5% ao ano, em fevereiro, para 299,5% ao ano, em março. Foi a quinta alta seguida.

Em fevereiro, ao ser sabatinado no Senado Federal, antes de assumir a Presidência do BC, o economista Roberto Campos Neto afirmou que o sistema bancário brasileiro não é mais “concentrado” do que em outras economias desenvolvidas, e acrescentou que os bancos do país também são competitivos.

Na semana passada, em seminário, porém, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o país não consegue mobilizar riquezas pois possui “200 milhões de patos, três empresas de energia, seis bancos, uma empresa de petróleo, e quatro empreiteiras”. Concluiu dizendo que “isso é um erro”. “O pais é riquíssimo, basta deixar ele funcionar”, afirmou. O ministro Guedes tem defendido uma maior abertura e concorrência na economia brasileira.

Concorrência X concentração

No relatório de Economia Bancária, divulgado nesta terça-feira, o BC avaliou que, comparando os períodos 2000-2008 (pré-crise financeira internacional) e 2009-2018 (pós-crise financeira internacional), houve aumento do grau de concorrência entre instituições financeiras.

“Esse movimento ocorreu apesar do aumento da concentração ocorrida no período, tanto pelo crescimento orgânico mais rápido de instituições financeiras mais eficientes, quanto por atos de concentração (fusões e aquisições). Em 2017 e 2018, os indicadores ficaram relativamente estáveis na comparação com 2016”, acrescentou a instituição.

O BC acrescentou, ainda, que as instituições de grande porte, apesar de possuírem elevada participação no mercado de crédito, operam com “mark-up” [marcação de preço] sobre o custo marginal menor do que as demais instituições financeiras.

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