A retração é explicada, principalmente, pelo fraco desempenho da agropecuária e da indústria.
Por G1
18/06/2019
A economia brasileira registrou retração de 0,1% em abril na comparação com março, segundo dados do Monitor do PIB-FGV, divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta terça-feira (18).
Segundo o indicador, houve recuo em abril em duas das três grandes atividades econômicas: agropecuária e indústria.
A retração de 0,1% é explicada, principalmente, pelo fraco desempenho da agropecuária, que caiu 1,9% (com quedas tanto na agricultura quanto na pecuária) e da indústria, que recuou 0,4%. Na indústria, a única exceção foi o crescimento de 0,3% da transformação. Já o setor de serviços teve leva alta de 0,4%.
Na comparação contra o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 0,3% da economia, reflexo, segundo a FGV, principalmente das retrações da agropecuária (-2,0%) e de todas as atividades industrias (-2,3%).
“A queda de 0,1% da economia em abril é a terceira retração mensal consecutiva registrada no ano. O desempenho da agropecuária e da indústria explicam essa desaceleração da atividade econômica. A taxa acumulada em 12 meses chegou a 0,6%; menor crescimento registrado desde o acumulado em 12 meses até outubro de 2017. No acumulado em 12 meses, até abril a indústria volta ao terreno negativo depois de 14 meses de crescimento. Chama atenção que a extrativa e a transformação também retornam a variações negativas”, afirma Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB.
Projeções para o PIB do ano pioram
A queda do PIB (Produto Interno Bruto) em abril apontada pela FGV, entretanto, é menor do que a verificada pelo Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) – considerado uma “prévia” do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – que registrou em abril um recuo de 0,47%.
O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Os números do Banco Central mostram que esse foi o quarto mês seguido de retração do nível de atividade. A última vez que o IBC-Br registrou aumento, contra o mês anterior, foi em dezembro do ano passado. Veja abaixo:
No 1º trimestre, houve recuo de 0,2% no 1º trimestre na comparação com o último trimestre do ano passado, segundo dados do IBGE. Foi a primeira queda do PIB trimestral desde o final de 2016. Dois trimestres seguidos de queda no PIB representam recessão técnica.
Para este ano, o mercado financeiro reduziu pela sétima 16ª vez seguida a estimativa para o crescimento da economia. A previsão para a alta do PIB em 2019 recuou de 1% para 0,93%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
Detalhamento do Monitor do PIB
Pela ótica da demanda, apenas as importações caíram 6,1% no trimestre móvel findo em abril, comparativamente ao mesmo trimestre de 2018. As retrações estão concentradas em bens de capital (-24,1%), bens de consumo duráveis (-19,7%), bens de consumo semiduráveis (-17,1%) e nos serviços (-12,8%).
A FGV usa a série trimestral interanual para a análise desagregada dos componentes da demanda por essa apresentar menor volatilidade do que as taxas mensais e aquelas ajustadas sazonalmente.
O consumo das famílias cresceu 1,3% no período. O consumo de serviços continua sendo o que mais contribuiu para essa variação, com alta de 1,8%. O outro destaque é o consumo de produtos duráveis, com crescimento de 4,5% devido, principalmente, ao desempenho do consumo de veículos, motos, partes e peças.
A formação bruta de capital fixo, que mede o quanto as indústrias aumentaram seus bens de capital, ou seja, aqueles bens que servem para produzir outros bens, cresceu 0,6%, devido ao componente de máquinas e equipamentos, que apresentou crescimento de 1,9%, influenciado, principalmente, por máquinas automotivas (automóveis e caminhões). Apesar de positivo, o resultado é declinante e está bem abaixo do ápice de 2018, registrado no trimestre findo em agosto (8,5%).
A exportação apresentou crescimento de 0,3%, mas segue em desaceleração desde seu ápice em janeiro, resultado da retração de bens de capital (-39,6%) e de bens de consumo duráveis (-31,1%). Os destaques positivos da exportação devem-se ao desempenho dos produtos da agropecuária (9,3%) e da extrativa mineral (22,8%).