Imposição de novas medidas restritivas sociais em algumas partes do globo e o anúncio de extensão de confinamentos em outros lugares para conter a pandemia de covid-19, provocam aversão a risco nos mercados, assim como dados fracos na Europa. O Ibovespa reage com recuo superior a 1,5%, na faixa dos 116 mil pontos, e com queda generalizada das 81 ações que o compõem até perto de 11 horas.
Enquanto essas preocupações abrem espaço para realização lá fora, o índice brasileiro caminha para um terceiro dia seguido de queda e para a segunda semana consecutiva de declínio. Ontem caiu 1,10%, aos 118.328,99 pontos, chegando a tocar os 117 mil pontos no pior momento.
Às 10h49, o índice cedia 1,58%, aos 116.456,81 pontos, mais perto da mínima (116.108,90 pontos) do que da máxima (118.317,52 pontos).
“Commodities e moedas de emergentes em baixa, apesar da estabilidade do DXY subia 0,11% às 8h38. Isso, aliado à posição de atraso na vacinação fazem com que os mercados no Brasil tenham um dia ruim”, afirma em nota o CEO da Ohmresearch. Roberto Attuch Jr. O dólar à vista sobe, tendo tocado R$ 5,4357 na máxima.
Além da preocupação dos efeitos do fechamento das atividades lá fora, há novos alertas no Brasil. Hoje, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deve anunciar medidas mais duras para combater o novo coronavírus, que afetarão principalmente alguns segmentos do setor de serviços e o comércio, que já sofrem os efeitos da pandemia.
“Sem dúvida, a notícia não é positiva, mas temos de esperar para ver qual será a reação da população, qual será o impacto na economia”, afirma Yuri Cavalcante, sócio-fundador da Aplix Investimentos. Às 10h51, as ações de CVC ON (SA:CVCB3) era a segunda que registrada o maior recuo da carteira do Ibovespa, de 3,89%. Em primeiro lugar estavam os papéis ON de IRB Brasil Re (SA:IRBR3) (-5,53%), após a empresa divulgar que fechou o mês de novembro de 2020 com prejuízo líquido de R$ 124,5 milhões.
Alguns indicadores da economia do País seguem reforçando dificuldade de retomada, o que, junto com o endurecimento das regras de isolamento social em São Paulo, tendem a corroborar a tendência de fraqueza da atividade. Hoje, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 3,5 pontos em janeiro, a 111,4 pontos. Caso essa prévia seja confirmada, será a primeira queda do dado desde abril de 2020.
Já o governador paulista deve anunciar hoje que o Estado entrará na fase vermelha, mais restritiva, e nela ficará o fim de semana. A medida se repetirá todos os dias da semana, a partir das 20h, e valerá, nas 24 horas do dia, também todos os sábados, domingos e feriados. Ficam proibidos de funcionar bares, restaurantes, comércio, parques e shoppings. Somente abrem os serviços essenciais, como supermercados e farmácias. Na prática, é um “toque de recolher” contra a covid-19.
No radar dos investidores ainda estão problemas para obtenção de vacinas lá fora, enquanto o Brasil se prepara para receber hoje 2 milhões de doses das vacinas Oxford/AstraZeneca (LON:AZN) (SA:A1ZN34) vindas da Índia. Nem mesmo isso ameniza, já que também segue no radar debates sobre retomada de algum benefício para estimular a economia brasileira continue crescente.
“Existe uma preocupação grande em relação ao fiscal. Se isso extensão de auxílio emergencial, por exemplo não for bem comunicado e se não existir um plano que proteja as contas públicas, vai continuar afetando o mercado”, acrescenta Cavalcante.
Ele chama a atenção ainda para os indicadores divulgados hoje na Europa, que vieram mais fracos do que o esperado. “Alguns PMIs não vieram tão bons quanto o esperado, ficando abaixo de 50, o que implica em algum tipo de recessão. Isso está atrapalhando os mercados, assim como tem um pouco de correção por causa da euforia com a posse de Joe Biden presidente dos EUA, afirma o sócio da Aplix.