SÃO PAULO (Reuters) – O dólar registrava alta contra o real nesta quarta-feira, depois de apresentar ganhos expressivos no pregão anterior, à medida que investidores reagiam a dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e aguardavam a votação da PEC Emergencial.
O PIB doméstico registrou contração de 4,1% em 2020, sob o impacto das medidas de contenção ao coronavírus e após três anos de ganhos, com a atividade no ritmo mais fraco desde o início da série iniciada em 1996.
Apesar do resultado historicamente fraco, vários analistas destacavam que os dados vieram dentro ou até acima do esperado para o ano passado, período marcado pela pandemia de coronavírus e pela escalada de incertezas políticas e fiscais em Brasília.
“O mercado chegou a esperar queda muito maior do PIB”, disse Thomas Giuberti, sócio e economista da Golden Investimentos, que lembrou a retração de até 9% prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no meio da crise.
Nesse contexto, Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, avaliou que a atenção dos mercados se volta para a votação da PEC Emergencial no Senado, em meio a um cenário amplamente incerto e de expectativas “não muito boas” para a política e a economia.
A votação está prevista para esta quarta-feira, depois que seu novo parecer, protocolado e lido em plenário na véspera, apresentou uma versão mais desidratada da proposta.
Há meses o agravamento da situação fiscal brasileira tem sido motivo de preocupação para os mercados, em meio a temores de que, num cenário de endividamento recorde, os gastos do governo no combate à crise pandêmica não sejam compensados com medidas de austeridade.
O principal contrato de dólar futuro subia 0,62%, a 5,7225 reais.
O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão em alta de 1,15%, a 5,6662 reais na venda, refletindo a notícia de aumento de tributação a bancos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro e incertezas sobre a PEC Emergencial, em dia que contou uma forte pressão de compra que levou o Banco Central a vender mais de 2 bilhões de dólares à vista no mercado.
Segundo Vanei Nagem, depois da forte intervenção da véspera, havia entre alguns analistas a expectativa de que o mercado pudesse ficar mais acomodado.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na terça-feira que parte da depreciação recente do real não é justificada pelos fundamentos econômicos e ressaltou que o país tem um volume grande de reservas internacionais que permite ao BC seguir atuando no câmbio sempre que achar necessário.
O BC fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e dezembro de 2021