Por Gabriel Crossley e Shivani Singh
SHENYANG, China (Reuters) – A China exigiu nesta quarta-feira que empresas ferroviárias e autoridades municipais se empenhem mais no envio de suprimentos vitais de carvão para as prestadoras de serviços públicos, já que regiões essenciais para a segunda maior economia do mundo sofrem com blecautes que prejudicam a produção industrial.
A ordem, encaminhada pelo poderoso planejador estatal da China, vem na esteira de uma escassez de suprimento de carvão, padrões de emissões mais rígidos e uma procura grande da indústria que elevam o preço do carvão, a principal fonte de eletricidade do país, a níveis alarmantes no momento em que o inverno se aproxima.
Os futuros do carvão termal da China atingiram uma alta histórica de 212,92 dólares por tonelada nesta quarta-feira, aumentando a pressão sobre distribuidoras de energia incapazes de reaver os custos de combustível adicionais. Restrições ao uso de energia foram impostas em grandes partes da China, especialmente em três províncias do nordeste que abrigam quase 100 milhões de pessoas.
“Se houver um corte de energia no inverno, o aquecimento também para”, disse Fang Xuedong, entregador de 32 anos de Shenyang, a capital da província de Liaoning, situada cerca de 90 minutos de avião ao nordeste de Pequim.
“Tenho uma criança e um idoso em casa, se não houver aquecimento será um problema.”
O alarme crescente dos moradores com a crise energética, já em sua segunda semana, chega no momento em que o planejador estatal, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), pediu formalmente que planejadores econômicos municipais, administradores de energia e empresas ferroviárias fortaleçam o transporte de carvão para atender a demanda de aquecimento dos cidadãos durante o inverno.
“Toda empresa ferroviária deveria fortalecer o transporte de carvão para distribuidores de energia cujos estoques sejam de menos de sete dias e lançar o mecanismo de suprimento de emergência de maneira oportuna”, disse o NDRC.
Maior consumidora mundial de carvão, a China importou um total de 197,69 milhões de toneladas do produto nos primeiros oito meses de 2021, uma redução de 10% na comparação ano a ano, mas em agosto as importações aumentaram em mais de um terço devido à escassez dos suprimentos domésticos.
Nesta semana, autoridades procuraram garantir aos moradores diversas vezes que haverá energia para uso domiciliar e para o aquecimento agora que o inverno se aproxima.
(Reportagem adicional de Min Zhang em Pequim, David Stanway em Xangai, Yimou Li em Taipé, redação de Pequim e Tom Daly)