Em 2018, déficit da Previdência atingiu R$ 290 bilhões. Ministro da Economia diz que, após deixar hospital, presidente Jair Bolsonaro definirá formato da reforma a ser enviada ao Congresso.

Por Alexandro Martello, G1 — Brasília

05/02/2019

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira (5) que a intenção da equipe econômica é obter uma economia de R$ 1 trilhão em dez anos com a proposta de reforma da Previdência a ser encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional.

Segundo o ministro, que concedeu entrevista no ministério após receber a visita do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), também há simulações de uma economia de R$ 1 trilhão em 15 anos. Em 2018, o déficit da Previdência bateu recorde e alcançou R$ 290 bilhões, segundo números do governo.

“A ideia é que chegue a R$ 1 trilhão [de economia] em dez anos. Há simulações em que é R$ 1 trilhão em 15 anos. Isso é o que está sendo calibrado. O importante é que tenha potência fiscal [de economia de recursos] para resolver o problema, que se inaugure um período novo para a Previdência”, declarou o ministro.

Ele afirmou que, pelas propostas em estudo, o Brasil terá um novo regime trabalhista e previdenciário. “Tem várias possibilidades”, afirmou.

Segundo Guedes, o desafio é “salvar” a previdência antiga e também impedir o que classificou de “mecanismo perverso” de transferência de renda dos pobres para os ricos – o que, segundo ele, acontece atualmente.

“[Queremos] salvar as futuras gerações dessa armadilha, de um sistema que piora desigualdades e destrói empregos em massa. A reforma é uma construção democrática nossa”, afirmou.

Para ele, o atual sistema previdenciário brasileiro é uma “fábrica de desigualdades”, no qual os pobres, em sua grande maioria, se aposentam por idade, aos 65 anos, e com benefícios menores, geralmente com um salário mínimo, enquanto que os mais ricos se aposentam mais cedo e ganhando bem mais.

“Estamos tentando estruturar uma reforma que atenue, que reduza. Isso. Com um período de transição. Muita coisa é paramétrica”, disse o ministro.

De acordo com o ministro, a decisão sobre o formato final do texto da proposta de emenda constitucional da reforma da Previdência será do presidente Jair Bolsonaro, depois que ele deixar o hospital, em São Paulo, onde se recupera de uma cirurgia.

“O presidente, voltando, vai olhar as propostas”, afirmou Guedes. “Já temos duas ou três versões alternativas simuladas”, declarou.

Guedes declarou que é importante enviar uma proposta que seja aceita pelos parlamentares e, por isso, os parâmetros do texto ainda estão sendo calibrados.

Ele lembrou que Bolsonaro chegou a citar, em entrevista recente concedida a jornalistas, a possibilidade de a idade mínima de aposentadoria ser de 57 anos para as mulheres de 62 para homens.

Nesse caso, Guedes lembrou que a transição do antigo para o novo regime teria de ser mais rápida, como disse recentemente o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

De acordo com o ministro da Economia, a instituição de um regime de capitalização no sistema previdenciário seria um “segundo capítulo” da reforma da previdência.

No sistema de capitalização, os benefícios são pagos pelas contribuições feitas no passado pelo próprio trabalhador.

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