Instituição ressaltou que consolidação do cenário no médio prazo depende de aprovação das reformas. Avaliação foi divulgada nesta terça-feira, na ata da última reunião do comitê.

Por Alexandro Martello, G1 — Brasília

12/02/2019

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta terça-feira (12), por meio da ata de sua última reunião, quando os juros básicos foram mantidos estáveis na mínima histórica de 6,5% ao ano, que a inflação encontra-se em níveis “apropriados ou confortáveis”.

A instituição avaliou também que as estimativas indicam convergência da inflação em direção às metas ao longo de 2019 e 2020. “Essa trajetória é consistente com as expectativas de inflação, que permanecem ancoradas”, acrescentou. O mercado financeiro prevê aumento dos juros somente em 2020.

A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2019, a meta central de inflação é de 4,25% e, para 2020, de 4%. Com intervalo de tolerância, a inflação pode ficar entre 2,75% a 5,75% neste ano sem que a meta seja descumprida e, entre 2,5% e 5,5% no ano que vem.

Com base no cenário de mercado (que pressupõe juros e câmbio estimados pelos analistas dos bancos, com alta da taxa Selic para 8% ao ano no fim de 2020), o Copom estimou que a inflação ficará em 3,9% em 2019 e 3,8% em 2020, ou seja, em linha com as metas de inflação predefinidas.

Reformas econômicas

O Banco Central alertou, porém, que a “consolidação desse cenário no médio e longo prazos”, de convergência da inflação para as metas prefixadas, “depende do andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira”.

“O Copom reitera sua visão de que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a queda da sua taxa de juros estrutural, cujas estimativas serão continuamente reavaliadas pelo Comitê”, acrescentou.

Riscos inflacionários

Os integrantes do Copom também avaliaram que, desde dezembro, especialmente quanto ao cenário externo, houve “arrefecimento dos riscos inflacionários”. “Entretanto, o Comitê ressaltou que os riscos altistas para a inflação permanecem relevantes e seguem com maior peso em seu balanço de riscos”, informou.

O BC observou que o mercado já reagiu à possibilidade de desaceleração econômica relevante na economia norte-americana, mas acrescentou que não há certeza sobre esse cenário, existindo, também, a possibilidade de manutenção do vigor exibido nos Estados Unidos.

“Esses dois cenários têm implicações opostas para o rumo da política monetária do Fed [o BC norte-americano]. Os membros do Copom concluíram que, ao menos até a definição de qual dos cenários é o mais provável, os riscos associados à normalização da política monetária nos EUA se reduziram”, concluiu o BC.

Adicionalmente, porém, também reconheceram que, “diante do arrefecimento da atividade em algumas economias relevantes”, os riscos associados a uma desaceleração da economia global se intensificaram.

“O Comitê apontou ainda que incertezas, como por exemplo aquelas associadas à continuidade da expansão do comércio internacional e ao Brexit, podem contribuir para um menor crescimento global”, informou.

Atividade econômica no Brasil

O Banco Central também avaliou que a evolução da atividade econômica tem sido consistente com o cenário básico de “recuperação gradual da economia brasileira”. A instituição estimou, no fim do ano passado, uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,4% para 2019.

“Os membros do Copom ressaltaram que uma aceleração de ritmo de retomada da economia dependerá da diminuição das incertezas em relação à aprovação e à implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira”, informou.

Além disso, o BC informou que outras iniciativas também são importantes para o aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios. “Esses esforços são fundamentais para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira”, concluiu.

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