Por Flavia Furlan – Valor

24/04/2019

Diante do acirramento da disputa no mercado de credenciamento de cartões, a Cielo anunciou hoje o pagamento instantâneo aos clientes que têm a conta digital da empresa, mediante a cobrança das taxas equivalentes ao recebimento em dois dias. O pagamento em tempo real estará disponível, a partir de maio, para clientes antigos e novos da Cielo.

Neste modelo, o lançamento da credenciadora se assemelha àquele feito pela PagSeguro, do grupo UOL, no início desta semana. “Nossos bancos parceiros também estão se adequando para que, se quiserem, possam fazer o crédito imediato ao cliente na conta bancária”, disse Paulo Caffarelli, presidente da Cielo, em coletiva de imprensa para divulgação dos resultados do primeiro trimestre.

A cobrança da operação será da taxa de desconto – “merchant discount rate” – de 1,99% nas transações de débito e de 4,99% no crédito à vista. No caso do crédito parcelado, adiciona-se uma taxa referente a cada parcela.

A empresa ainda anunciou, a partir de hoje, que os clientes terão reembolso do valor total pago pela “maquininha”, desde que vendam R$ 1,6 mil no crédito ou R$ 4 mil no débito por três meses consecutivos. A iniciativa é válida para a máquina Zip.

De acordo com Caffarelli, pagar em tempo real não será uma dificuldade para a Cielo. “Temos caixa e funding para isso.”

Guidance

Caffarelli disse que ainda é cedo para fazer alguma afirmação sobre se a empresa irá atingir o guidance de lucro líquido para este ano ou não. “É prematuro dizer se vamos alcançar ou não. Divulgamos pela primeira vez o guidance de lucro líquido neste ano”.

Os questionamentos têm sido feito por analistas após o lucro líquido da Cielo ter caído 45% no primeiro trimestre, frente ao mesmo período do ano passado, para R$ 548,5 milhões. “O lucro de R$ 4 bilhões para a Cielo não existe mais. Agora, é algo entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,6 bilhões.”

De acordo com o executivo, a Cielo está em linha com a estratégia que foi anunciada em novembro, quando ele assumiu o comando. Isso significa que, entre margem e market share, a opção tem sido buscar o segundo. “A avaliação da indústria de meios de pagamento não deve ser feita apenas pelo lucro líquido”, afirmou o executivo.

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