Em 12 meses, o IPCA acumulado subiu para 4,94%, ficando mais longe do centro da meta oficial para 2019, que é de 4,25%.

Por Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1

10/05/2019

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,57% em abril, abaixo da taxa de 0,75% de março, segundo divulgou nesta sexta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da desaceleração, trata-se da maior taxa para um mês de abril desde 2016, quando o índice foi de 0,61%. A inflação de abril foi pressionada principalmente pela alta dos preços de alimentos, combustíveis e remédios.

Nos 4 primeiros meses de 2019, a inflação se situou em 2,09%.

Com o resultado de abril, o índice acumulado em 12 meses avançou para 4,94%, contra os 4,58% nos 12 meses imediatamente anteriores, ficando um pouco mais distante da meta central de inflação do governo para 2019, que é de 4,25%. Segundo o IBGE, trata-se do maior índice para o período de 12 meses desde janeiro de 2017 (5,35%).

Gasolina, tomate e remédios foram os vilões do mês

A inflação de abril foi pressionada principalmente pela alta dos preços dos grupos alimentação e bebidas (0,63%), transportes (0,94%) e saúde e cuidados pessoais (1,51%).

“Juntos, estes três grupos responderam por 89,5% do índice do mês, com impactos de 0,16 ponto percentual (p.p.), 0,17 p.p. e 0,18 p.p., respectivamente”, destacou o IBGE.

Já os principais impactos individuais no mês foram as altas da gasolina (2,66%), tomate (28,64%) e dos remédios (2,25%), refletindo este último o reajuste anual, em vigor desde 31 de março, com teto de 4,33%.

Outros destaques de alta no mês foram passagem aérea (5,32%), ônibus urbano (0,74%) e plano de saúde (0,80%).

No grupo alimentação, os preços que mais pesaram no IPCA, depois do tomate, foram os do frango inteiro (3,32%), cebola (8,62%) e carnes (0,46%). Por outro lado, houve queda no feijão-carioca (-9,09%) e nas frutas (-0,71%).

Veja a inflação de abril por grupos pesquisados e o impacto de cada um no índice geral:

  • Alimentação e Bebidas: 0,63% (0,16 ponto percentual)
  • Habitação: 0,24% (0,04 p.p.)
  • Artigos de Residência: -0,24% (-0,01 p.p.)
  • Vestuário: 0,18% (0,01)
  • Transportes: 0,94% (0,17 p.p.)
  • Saúde e Cuidados Pessoais: 1,51% (0,18 p.p.)
  • Despesas Pessoais: 0,17% (0,02 p.p.)
  • Educação: 0,09% (0 p.p.)
  • Comunicação: 0,03% (0 p.p.)

Perspectivas e meta de inflação

A meta central de inflação deste ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerância varia de 2,75% a 5,75%. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que está estacionada há um ano na mínima histórica de 6,5%.

Os analistas das instituições financeiras continuam projetando uma inflação abaixo do centro da meta do governo, com uma taxa de 4,04% em 2019, indo a 4% em 2020, segundo a última pesquisa “Focus” do Banco Central.

Em seu comunicado sobre a decisão de manter a taxa de juros inalterada, o BC disse na quarta-feira (8) que o processo de reformas e ajustes na economia brasileira é “essencial” para a manutenção da inflação baixa no médio e no longo prazos.

Segundo o Copom, “o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado”, e citou ainda uma “frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira” – o que poderia, segundo o comitê, “afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

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