Este é o maior resultado para um mês de janeiro desde 2016. Em 12 meses, indicador acumula alta de 4,34%.
Por G1 — Rio de Janeiro
23/01/2020
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,71% em janeiro, conforme divulgado nesta quinta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se do maior resultado para um mês de janeiro desde 2016, quando o indicador ficou em 0,92%. Em janeiro do ano passado, o índice havia sido de 0,30%, o menor para o mês em 24 anos.
Em 12 meses, o indicador acumula alta de 4,34%, acima dos 3,91% registrados nos 12 meses anteriores.
Na comparação com dezembro, quando o IPCA-15 ficou em 1,05%, o índice desacelerou. Segundo o IBGE, a desaceleração foi puxada pelo preço da carne, que passou de uma alta de 17,71% em dezembro para 4,83% em janeiro.
Apesar disso, foram as carnes que exerceram, novamente, a maior pressão individual sobre a inflação, de 0,15 ponto percentual sobre o indicador. Desde novembro do ano passado, a carne vem pressionando a inflação no país.
Queda na habitação e artigos de residência
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, apenas dois registraram queda de preços na passagem de dezembro para janeiro: habitação (-0,14%) e artigos de residência (-0,01%).
A deflação no grupo de habitação, segundo o IBGE, foi influenciada pela queda de 2,11% no custo da energia elétrica em função de mudança na bandeira tarifária, que passou a ser Amarela.
O IBGE enfatizou que todas as regiões pesquisadas tiveram queda nas contas de luz – a menor foi em São Paulo (-0,61) e a maior em Fortaleza (-4,46%), onde houve, além da mudança da bandeira, redução da alíquota de PIS/COFINS.
Alimentação vilã da inflação
Dentre os sete grupos que tiveram alta nos preços, o maior destaque é o de Alimentação e Bebidas (1,83%), ainda pressionado pelo alto preço das carnes.
Dentre os sete grupos que tiveram alta nos preços, o maior destaque é o de Alimentação e Bebidas (1,83%), puxada pela Alimentação no domicílio (2,30%), ainda pressionada pelo alto preço das carnes.
Também tiveram alta relevante para a alimentação no domicílio produtos como as frutas (3,98%) e o frango inteiro (4,96%). Pelo lado das quedas, o destaque ficou com a cebola (-5,43%).
A alimentação fora do domicílio apresentou alta de 0,99%, resultado acima do registrado em dezembro (0,79%), especialmente por conta das altas observadas no lanche (1,30%) e na refeição (1,10%).
Veja a prévia da inflação para cada um dos grupos pesquisados pelo IBGE:
- Alimentação e bebidas: 1,83%
- Transportes: 0,92%
- Despesas pessoais: 0,47%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,35%
- Educação: 0,23%
- Vestuário: 0,10%
- Comunicação: 0,02%
- Artigos de residência: -0,01%
- Habitação: -0,14%
Depois da alimentação, o segundo maior impacto na inflação partiu dos Transportes (0,92%), que foi pressionado pela alta da gasolina (2,64%) – o segundo maior impacto individual na composição do indicador. Também contribuiu para a alta nos Transportes os reajustes nas tarias de ônibus urbano em algumas capitais.
Alta em todas as regiões
O IBGE destacou que a prévia da inflação teve alta em todas as 11 regiões pesquisadas. O maior resultado foi observado na região metropolitana de Belém (1,13%), influenciado pela alta do frango inteiro (9,12%). Já o menor índice foi registrado em Brasília (0,29%), por conta da queda verificada nos preços das passagens aéreas (-7,69%).
Veja o resultado por região:
- Belém: 1,13%
- São Paulo: 0,90%
- Salvador: 0,89%
- Fortaleza: 0,86%
- Recife: 0,78%
- Porto Alegre: 0,60%
- Curitiba: 0,53%
- Goiânia: 0,52%
- Belo Horizonte: 0,52%
- Rio de Janeiro: 0,47%
- Brasília: 0,29%
Perspectivas e meta de inflação
A meta central do governo para a inflação em 2020 é de 4%, e o intervalo de tolerância varia de 2,5% a 5,5%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que está atualmente em 4,5% ao ano – mínima histórica.
Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 3,56% no ano, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central. Em 2019, a inflação fechou em 4,31%, acima do centro da meta, que era de 4,25% – foi a maior inflação anual desde 2016.
Para 2021, a previsão do mercado financeiro é de uma inflação de 3,75%.
Entenda o IPCA-15
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA (inflação oficial). A diferença está no período de coleta, além da abrangência geográfica. Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 12 de dezembro de 2019 a 14 de janeiro de 2020 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 12 de novembro a 11 de dezembro de 2019 (base).