Mercado financeiro vê Selic encerrando 2020 em 2,25% ao ano, subindo para 3,50% a.a. em 2021
Mariana d’Ávila
18/05/2020
SÃO PAULO – Com o avanço do coronavírus no Brasil e dados fracos sobre o comportamento da economia brasileira neste começo de ano, com resultados decepcionantes da produção, do varejo e do setor de serviços, o mercado financeiro trabalha com a expectativa de um corte maior que o previsto para a Selic neste ano e um menor espaço para alta em 2022.
De acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central na manhã desta segunda-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) deve cortar a Selic em 0,75 ponto percentual na próxima reunião, em junho, levando a Selic dos atuais 3,00% para 2,25% ao ano – e ficando neste patamar até dezembro. No último levantamento, a expectativa era de que os juros encerrariam o ano em 2,50%.
Para 2022, as projeções para a Selic também foram reduzidas, de 5,50% para 5,25% ao ano, enquanto as estimativas para 2021 foram mantidas em 3,50% ao fim do ano.
Em meio à fragilidade da atividade brasileira, as expectativas para inflação e crescimento da economia do país também foram novamente reduzidas.
A mediana das projeções para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu pela 14ª vez consecutiva, englobando uma visão ainda mais pessimista neste ano. Agora, os economistas veem contração da economia brasileira de 5,12% em 2020, ante expectativa anterior de retração de 4,11%.
Já para 2021, o mercado manteve a estimativa de crescimento de 3,20% da atividade.
Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção de alta foi cortada pela décima vez consecutiva, desta vez de 1,76% para 1,59%, em 2020. Também houve ajuste na projeção para a inflação de 2021, de 3,25% para 3,20%.
No que tange às previsões para o câmbio, o relatório Focus revelou que a estimativa para o dólar neste ano teve alta de R$ 5,00 para R$ 5,28, com aumento de R$ 4,83 para R$ 5,00 em 2021.
Top 5
Entre os economistas que mais acertam as previsões, reunidos na categoria “Top 5” do relatório Focus, houve revisões nas estimativas para inflação, Selic e câmbio.
Segundo o relatório do BC, o grupo “Top 5 médio prazo” vê a taxa básica de juros encerrando este ano em 2,25% ao ano, frente à estimativa de 2,50% a.a. na última semana. A projeção para 2021, por sua vez, foi reduzida de 3,88% para 3,50% ao ano.
Com relação à inflação medida pelo IPCA, a projeção de alta foi reduzida de 1,97% para 1,61% e mantida em 3,00% em 2021.
Já a expectativa para o dólar subiu de R$ 5,35 para R$ 5,50, em 2020, e de R$ 5,30 para R$ 5,40, em 2021.