Vendas do comércio varejista: Apesar da alta de 5,2% em julho, vendas acumula queda de 1,8% no ano. Apenas supermercados não avançaram na comparação com junho.

Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1
10/09/2020

As vendas do comércio varejista cresceram 5,2% em julho, na comparação com junho, engatando a 3ª alta mensal consecutiva, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de continuar em trajetória de recuperação, o setor ainda acumula queda de 1,8% no ano. No acumulado dos últimos 12 meses, passou de 0,1% em junho para um avanço de 0,2% em julho.

“Este é o maior resultado para o mês de julho da série histórica, iniciada em 2000, e a terceira alta seguida no ano, com algumas categorias apresentando resultados acima dos registrados no período pré-pandemia de Covid-19, como móveis e eletrodomésticos e hiper e supermercados”, destacou o IBGE.
Apesar da taxa recorde para o mês e a retomada de diversos segmentos, o avanço de 5,2% em julho representou uma desaceleração frente a alta recorde de 13,3% em maio e de 8,5% em junho.

Na série sem ajuste sazonal, em relação a julho de 2019, o comércio varejista cresceu 5,5%.

O resultado veio acima do esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 1,20% na comparação mensal e de avanço de 2,20% sobre um ano antes.

No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas cresceu 7,2% em relação a junho e 1,6% ante julho do ano passado, interrompendo uma sequência de quatro meses em queda.

Perdas com a pandemia já tinham sido eliminadas em junho.

Com o resultado, o comércio superou em 5,3% o patamar de vendas registrado antes da pandemia do coronavírus.

“Em junho já houve uma recuperação total em relação ao patamar de fevereiro. Agora, toda essa variação de julho contra junho está excedente”, afirmou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.

Segundo o pesquisador, o setor está conseguindo agora recuperar as perdas registradas e acumuladas no período pré-pandemia, se situando agora apenas 0,1% abaixo do pico mais alto da série, alcançado em outubro de 2014.

Em julho, apenas 26,4% das empresas disseram ter tido impacto negativo na receita em função da pandemia. Em abril, esse percentual chegou a 63,1%.

A receita nominal do varejo subiu 5,7% em julho. Na comparação com julho do ano passado, subiu 8,8%.

No acumulado no ano, tem elevação de 1,4%. Em 12 meses, passou a acumular alta de 3%. Apenas supermercados não têm alta em julho

Sete das 8 atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram alta na passagem de junho para julho. Apenas a atividade de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo não registrou alta, ficando estável em relação a junho (variação zero).

Desempenho de cada atividade do varejo em julho:
• Combustíveis e lubrificantes: 6,2%
• Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: zero
• Tecidos, vestuário e calçados: 25,2%
• Móveis e eletrodomésticos: 4,5%
• Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -7,1%
• Livros, jornais, revistas e papelaria: 26,1%
• Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 11,4%
• Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 5%
• Veículos, motos, partes e peças: 13,2% (varejo ampliado)
• Material de construção: 6,7% (varejo ampliado)

“Eu diria que o comportamento da atividade de hiper e supermercados nos últimos dois meses é mais ou menos natural da série. Ela teve um ganho grande no início da pandemia e depois se estabilizou. Se a gente fizer a comparação com o ano passado, a gente vê que continua crescendo”, afirmou Santos, ressaltando que foi essa atividade que puxou o patamar do comércio para o período pré-pandemia.

Nos demais setores, os maiores avanços foram em livros, jornais, revistas e papelaria (26,1%), tecidos, vestuário e calçados (25,2%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (11,4%), e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,1%).

Na comparação anual, a maior alta foi nas vendas de móveis e eletrodomésticos (26,4%), seguida por artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (13,4%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (9,9%). Por outro lado, tecidos, vestuário e calçados (-31,4%), livros, jornais, revistas e papelaria (-25,1%) e combustíveis e lubrificantes (-10,8%) continuaram a mostrar queda.

Varejo cresce em 21 das 27 unidades da federação

Na análise por estados, houve avanço em 21 das 27 unidades da federação, com destaque para: Amapá (34,0%), Paraíba (19,6%) e Pernambuco (18,9%). Já as maiores quedas foram verificadas no varejo de Tocantins (-5,6%), Paraná e Mato Grosso (ambos com -1,6%).

Perspectivas

Após o tombo recorde da economia no 1º semestre, a expectativa é de recuperação gradual no 3º trimestre, apesar das incertezas sobre a dinâmica da pandemia de coronavírus e rumo das contas públicas.

“Mesmo quem pode fazer previsões tem que tomar cuidado. Mas, de fato, a gente abre o segundo semestre em um contexto de aquecimento, mas que não é homogêneo. Se você imaginar que alguns setores estão acima do patamar de fevereiro e próximo a recordes históricos, alguns como tecido, vestuário e calçados ainda está muito abaixo”, destacou o pesquisador.

No segundo trimestre, o comércio foi fortemente abalado, com recuo de 13% sobre os três primeiros meses do ano, de acordo com os dados do PIB (Produto Interno Bruto).

O Índice de Confiança do Comércio avançou 10,5 pontos em agosto, passando para 96,6 pontos, registrando a quarta alta consecutiva, segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas.

Com uma recuperação mais lenta, a indústria também cresceu 8% em julho, na 3ª alta consecutiva, segundo dados divulgados na semana passada pelo IBGE. O setor permanece 6% abaixo do patamar pré-pandemia e ainda acumula perda de 9,6% no ano.

A estimativa atual do mercado é de um tombo de 5,31% do PIB em 2020 e de 3,50% em 2021, segundo a pesquisa Focus do Banco Central.

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