Por Fast Trade
15 outubro 2020
A dívida bruta do Brasil pode alcançar a marca de 101,4% do PIB, de acordo com as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em abril, o FMI previa que o indicador chegaria a 98,2% em 2020.
Expectativa da organização é que a dívida pública brasileira seja a segunda maior do grupo composto por 40 países emergentes e de renda média, uma vez que a situação fiscal de países emergentes e desenvolvidos piorou de modo generalizado este ano em decorrência do impacto da covid-19.
O endividamento bruto brasileiro ficará atrás somente dos 120,3% do PIB estimados para a Angola, devido ao aumento das despesas públicas e quedas das receitas. Em contrapartida, a dívida bruta do Brasil – conforme a estimativa – ficará muito acima dos 62,2% do PIB para a média do grupo de economias.
Na China, o FMI projeta uma média de 61,7% do PIB, seguido por estimativa de 65,5% do PIB no México e de 89,3% na Índia.
Essa piora nas condições fiscais está diretamente relacionada aos gastos emergenciais para conter o avanço da covid-19, o que paralisou as economias globais.
Nesse contexto, o fundo ressaltou que houve crescimento da pobreza extrema e desigualdade com as medidas de isolamento impostas para controlar a propagação da pandemia.
Vale destacar que a dívida pública é considerada um dos principais indicadores de solvências das contas públicas acompanhados pelos analistas do mercado financeiro.
Dívida bruta crescente
Já em 2022, o Fundo Monetário Internacional sinalizou que o Brasil pode ter a maior dívida bruta das economias emergentes e renda média.
Assim, o endividamento do país foi estimado em 103,5% do PIB, o que faria o Brasil tomar a dianteira e superar a dívida na Angola.
Por outro lado, a dívida bruta da Angola recuaria para 93,8% do PIB, segundo os números apresentados pelo Monitor Fiscal, relatório divulgado pela organização.
Além disso, o documento mostrou que a dívida bruta do Brasil continuará crescendo em até cinco anos (2025), quando deverá chegar a 104,4% do PIB.
Endividamento brasileiro em 2019
O Monitor Fiscal mostrou que o endividamento bruto brasileiro ficou em 89,5% do PIB no ano passado, baseado em uma metodologia diferente.
Primeiramente, o FMI leva em consideração os títulos do Tesouro na carteira do Banco Central (BC), por exemplo. Por sua vez, a autoridade brasileira não considera esses papéis para o cálculo do indicador da dívida bruta e, portanto, a dívida bruta do Brasil ficou em 75,8% do PIB pela metodologia usada pelo Banco Central, segundo reportagem do Valor Econômico.
Por isso, o Fundo acredita que o endividamento bruto do país deste ano fique em 99% do PIB pelo critério brasileiro.
Outras estimativas
Embora o FMI não tenha divulgado projeções para a taxa de juros nominal do Brasil, um outro documento levantou outras estimativas para os próximos anos.
No relatório denominado “Perspectiva Econômica Mundial”, a organização estimou que o IPCA brasileiro encerrará 2020 em 2% e subirá a 2,9% no próximo ano.
Já as transações correntes devem registrar superávit de 0,3% do PIB ainda neste ano, embora o próximo ano deva ser de estabilidade para o indicador. Em 2025, contudo, as transações correntes podem atingir um déficit de 0,7% do PIB do Brasil, de acordo com a reportagem do Estadão.