Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – A indústria brasileira engatou o quinto mês seguido de aumento da produção em setembro, recuperando por fim as perdas acumuladas no ápice das medidas de contenção ao coronavírus.

Em setembro, a produção industrial marcou alta de 2,6% na comparação com o mês anterior, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 2,2% e garantiu que o setor finalmente eliminasse a perda de 27,1% de março e abril, quando a produção industrial caiu ao nível mais baixo da série, mostrando que o impacto das medidas de isolamento foi relevante para o setor.

Além disso, em setembro a atividade industrial ficou 0,2% acima do patamar de fevereiro, período pré-pandemia, de acordo com o IBGE.

“Passados os meses de março e abril e com a flexibilização das medidas de distanciamento social, o setor industrial foi recuperando, mês a mês, aquele patamar”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo.

“O patamar de agora da indústria é o maior desde 2018, mas é importante destacar que a indústria está 15,9% abaixo do pico. Ainda há muito de perdas do passado para a indústria zerar daqui para frente”, completou.

Em relação a setembro do ano passado a indústria registrou aumento de 3,4% da produção, também acima da expectativa de avanço de 2,2% e interrompendo dez meses de resultados negativos.

No terceiro trimestre a indústria mostrou recuperação ao terminar com expansão de 22,3% sobre os três meses anteriores, após queda de 17,5% no segundo trimestre. Entretanto, a produção acumulada nos nove primeiros meses deste ano, entretanto, ainda apresenta perdas de 7,2%.

Além das paralisações provocadas pela pandemia, o grande contingente de desempregados também afeta a economia como um todo, o que ajuda a limitar a expansão da indústria.

“A recuperação da indústria de agora tem a ver com medidas de governo como auxílio emergencial, liberação de FGTS, de proteção a empregos, juros mais baixos. Mas o gargalo importante segue sendo o mercado de trabalho, assim como o mercado externo que tem demandado menos e prejudicando mesmo com câmbio favorável”, completou Macedo.

AUTOMÓVEIS

Entre as categorias econômicas, o destaque em setembro foi o aumento de 10,7% na fabricação de Bens de Consumo Duráveis, acumulando em cinco meses avanço de 520,3%. Ainda assim, o segmento ainda está 2,8% abaixo do patamar pré-pandemia.

Bens de Capital, uma medida de investimento, Bens Intermediários e Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis também apresentaram desempenhos positivos, com altas respectivamente de 7,0%, 1,3% e 3,7% na comparação com o mês anterior.

Já as atividades pesquisadas mostraram que a maior influência positiva partiu do aumento de 14,1% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, diante da continuidade do retorno à produção após a paralisação decorrente da pandemia.

O setor acumulou expansão de 1.042,6% em cinco meses consecutivos, mas ainda assim se encontra 12,8% abaixo do patamar de fevereiro último.

Por outro lado, quatro atividades reduziram sua produção em setembro: indústrias extrativas (-3,7%), impressão e reprodução de gravações (-4,0%), produtos diversos (-1,3%) e outros produtos químicos (-0,3%).

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