Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) – O Brasil abriu 394.989 vagas formais de trabalho em outubro, melhor resultado mensal da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1992, num desempenho atribuído pelo Ministério da Economia à força da retomada econômica, mas fortemente amparado por programa de manutenção de empregos que já consumiu mais de 30 bilhões de reais da União.

O dado veio bem melhor que a criação líquida de 233.500 postos projetada por analistas em pesquisa Reuters, e levou o acumulado dos dez primeiros meses do ano a uma perda líquida de 171.139 vagas.

Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, é possível inclusive que o país chegue ao final de 2020 sem perda de empregos formais, mesmo em meio à gravidade da crise desencadeada pelo coronavírus e que deverá levar o Brasil a sua maior retração econômica já registrada.

“Se terminarmos o ano com zero de perda de empregos no mercado formal, terá sido um ano histórico para a economia brasileira”, disse o ministro.

Este foi o quarto mês consecutivo de criação de postos, após perdas registradas de março a junho e concentradas principalmente no mês de abril, quando houve encerramento de 942.774 vagas.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em outubro, indicam que a taxa de desemprego no país alcançou recorde de 14,4% nos três meses até agosto.

De acordo com o ministério, dos cinco grupos de atividades econômicas, quatro tiveram performance positiva em outubro, com destaque para serviços, com abertura de 156.766 novas vagas.

Aparecem em seguida os setores do comércio (+115.647), indústria (+86.426) e construção (+36.296). Na agricultura, foram perdidos 120 postos no período.

Os dados do Caged têm sido ajudados pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que permite redução temporária de salário e jornada ou a suspensão do contrato de trabalho, com o pagamento de compensação parcial pelo governo aos trabalhadores.

Ao lançá-lo, o governo buscou evitar demissões em massa com a paralisação da economia por conta das medidas de distanciamento social. Diante dos resultados obtidos, o governo acabou renovando sucessivamente sua extensão até prorrogá-lo a 31 de dezembro.

Esse benefício, batizado de BEM, corresponde a uma parte do seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito em caso de demissão. Hoje, o seguro desemprego varia de um salário mínimo (1.045 reais) a 1.813,03 reais.

Em site sobre a iniciativa, o governo informa que o BEM permitiu mais de 19,7 milhões de acordos entre empregados e empregadores no Brasil até agora, contemplando 9,8 milhões de trabalhadores. https://servicos.mte.gov.br/bem

Até agora, o governo já gastou 30,7 bilhões de reais com o programa, sendo que seu orçamento total é de 51,6 bilhões de reais. https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-de-monitoramentos-dos-gastos-com-covid-19

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