Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O vice-presidente Hamilton Mourão se juntou ao Ministério das Relações Exteriores nas críticas à embaixada da China, que respondeu ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por meio de uma publicação em redes sociais.
Segundo Mourão, a resposta da embaixada ao post de Eduardo –que falava da adesão à iniciativa norte-americana Redes Limpas e acusava a China de espionagem– foi “diplomaticamente errada”.
“É a segunda vez que o embaixador chinês reage dessa forma. Dentro das convenções da diplomacia, o camarada se sentindo incomodado com qualquer coisa que tenha acontecido no país, ele escreve uma carta para o ministro das Relações Exteriores, vai ao Itamaraty e apresenta as suas ponderações, não via redes sociais, ou então vira um Carnaval”, disse Mourão na manhã desta sexta-feira.
Mourão se une ao Itamaraty que, na quarta-feira, enviou uma nota verbal –comunicação oficial entre governos e representações diplomáticas– classificando a resposta chinesa de ofensiva a desrespeitosa.
Eduardo fez a postagem no Twitter na segunda-feira à noite. Na publicação, comemorava a suposta adesão do Brasil à iniciativa Redes Limpas –na verdade o governo brasileiro não aderiu oficialmente, apenas manifestou apoio– e disse que o Brasil se aliaria aos Estados Unidos para criar uma rede 5G “sem espionagem da China”. No dia seguinte apagou a postagem.
Depois de manifestar seu desagrado ao Itamaraty, a embaixada da China em Brasília publicou nas redes sociais uma carta e uma sequência de 17 publicações em resposta a Eduardo em que classifica a postagem do filho do presidente Jair Bolsonaro como “inaceitável” e lembrava que outras autoridades brasileiras têm produzido declarações “infames” contra o país. A carta finalizava ainda que essas posições poderiam ter “consequências negativas” para a relação entre as duas nações.
Mourão, que representa o Brasil na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), não quis comentar a publicação do filho do presidente, que preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, mas disse acreditar que o deputado possa ter recebido orientação para apagar o post.
“Acho que o deputado, quando postou e depois apagou, acho que ele deve ter recebido alguma recomendação para retirar aquilo”, disse.
A embaixada chinesa não se manifestou mais oficialmente ou pelas redes sobre a carta do Itamaraty. Na noite de quinta, no entanto, o embaixador, Yang Wanming, postou uma história do filósofo Confúcio, em que ele diz a um aluno: “se você quer ser respeitado pelos outros, primeiro você deve saber como respeitar os outros. Não imponha aos outros o que você não queira”.