Bolsas oscilam acompanhando acordo pós-Brexit e reunião do BCE; vendas no varejo, reação ao Copom e mais destaques

Por InfoMoney 
SÃO PAULO – Na sessão desta quinta-feira, os investidores devem reagir à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na noite da véspera, que manteve a Selic em 2%, como previsto, mas surpreendeu ao sinalizar remoção do forward guidance de juros estáveis por tempo prolongado. Nesta manhã, serão divulgados ainda os dados de vendas no varejo.

Já no exterior, a sessão é de estabilidade para o índice futuro do Nasdaq após a queda da véspera em meio à ação antitruste contra o Facebook. Decisão do Banco Central Europeu (BCE) também está no radar, assim como vacina da Pfizer em discussão na agência reguladora dos EUA. Confira os destaques:

1.Bolsas mundiais

As bolsas europeias e os índices futuros americanos oscilam nesta quinta-feira (10). Na Europa, investidores acompanham as negociações sobre um acordo comercial pós-Brexit e esperam informações a respeito de medidas de estímulo do Banco Central Europeu a serem divulgadas nesta quinta. Nos Estados Unidos, acompanham dados sobre o avanço da pandemia, as negociações sobre um novo pacote de estímulos e uma ação contra o Facebook.

Na quarta à noite (9), o ministro britânico, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia Reguladores de União Europeia, Ursula von der Leyen se reuniram para discutir os termos do novo acordo comercial pós-Brexit. Ainda persiste um impasse sobre assuntos-chave, incluindo direitos a pesca e regras de competição.

Uma fonte do alto escalão do governo britânico cujo nome não foi revelado teria afirmado à agência internacional de notícias Reuters que ainda há “grandes lacunas”, enquanto Von der Leyen descreveu os dois lados da negociação como “muito distantes entre si”. A líder europeia e Boris Johnson concordaram, no entanto, em chegar a um acordo até o domingo (13).

Nesta quinta, líderes europeus se reúnem em Bruxelas para uma reunião de dois dias do Conselho Europeu, o que levanta esperanças de que ocorra avanços sobre o acordo.

Os investidores também monitoram o Banco Central Europeu, que se reúne nesta quinta e deve divulgar suas decisões mais recentes sobre política monetária e projeções macroeconômicas. A expectativa é de que o banco central expanda seu programa de estímulos econômicos, em meio à segunda onda da pandemia de covid.
Investidores esperam que o banco aumente em até 500 bilhões de euros o Programa Emergencial de Compras da Pandemia, mas há incerteza sobre se a medida será adotada.

Nos Estados Unidos, os índices americanos chegaram a atingir patamares recordes na quarta-feira, mas caíram após o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnel, afirmar ao site Politico que republicanos e democratas continuam a buscar uma forma de avançar nas negociações sobre um novo pacote de estímulos à economia americana, também fortemente atingida pela ressurgência do novo coronavírus.

Na quarta, o país atingiu seu recorde de mortes diárias por covid, 3.054 no total, mais do que o número de mortes durante os atentados de 11 de setembro de 2001. O recorde de novos casos registrados ocorreu poucos dias antes, foram 229.243 em 4 de dezembro.

Entre os pontos de dissenso sobre o pacote de estímulos à economia americana estão questões sobre se o auxílio deverá se estender a governos locais e estaduais, se os benefícios a desempregados deverão ser estendidos, e se negócios sofrendo processos ligados à propagação do coronavírus devem receber recursos e imunidade legal.

Outro ponto que afetou os índices americanos na quarta foi a abertura de uma ação antitruste de escopo nacional contra o Facebook. A ação pleiteia separar seus negócios Instagram e WhatsApp, e a notícia afetou especialmente ações de tecnologia.

Os mercados da Ásia tiveram em sua maioria baixa nesta quinta, com investidores acompanhando as negociações pós-Brexit na Europa, e sobre um novo pacote de estímulo nos Estados Unidos. 

2. Agenda

O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, manteve a taxa básica de juros brasileira, a Selic, em 2% ao ano, na noite da véspera. A decisão já era amplamente esperada pelo mercado, mas o comunicado do BC trouxe algumas surpresas.

Na avaliação de Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores, e Patrícia Pereira, estrategista-chefe da MAG Investimentos, o que mais surpreendeu foi o fato de o Copom ter anunciado que acabará em breve com o forward guidance — a previsibilidade de longo prazo que era dada ao mercado sobre o baixo patamar dos juros.

“O que me chamou atenção é que a gente via um feedback dos diretores do BC e do próprio Roberto Campos, o presidente, de que o forward guidance estava funcionando em relação ao seu objetivo principal, que era de manter a ancoragem do mercado e diminuir volatilidade e ruído em relação aos próximos movimentos de juros”, disse Patrícia.

“E todo mundo via que o principal ponto que poderia ruir esse forward guidance era o fiscal, mesmo sabendo que o sistema é de metas. Eu acho que teve um problema de comunicação grande com a maneira que foi colocado esse novo trecho. A questão não é nem se ele [o BC] está correto ou não ao fazer isso, mas a maneira como foi explicada com ‘retirada em breve’ ficou em discordância com os últimos comunicados do próprio BC. (…) O que ele vinha falando e o que ele fez agora, houve uma quebra. Eu espero uma explicação mais robusta na ata”, completou.

Para Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, o comunicado tem elementos de viés claramente altista para a taxa de juros; cenário de alta da Selic em 2021 tornou-se mais plausível, e a elevação antes dos últimos meses do ano não pode mais ser descartada. 

Na agenda desta quinta, são divulgados dados relativos a outubro sobre vendas a varejo no Brasil. A expectativa, segundo o consenso Bloomberg, é de alta de 7% na base de comparação anual e de 0,1% em relação a setembro.

O Banco Central Europeu divulga a sua nova taxa de juros e sua política monetária. Também divulga sua taxa sobre facilidade permanente de cedência de liquidez, que oferece crédito “overninght” aos bancos do Eurosistema; a taxa de facilidade permanente de depósito; e a taxa de refinanciamento principal, todas relativas a 10 de dezembro. Às 10h30, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, realiza uma coletiva de imprensa.
Também às 10h30 é divulgado nos Estados Unidos o Índice de Preços ao Consumidor relativo a novembro. No mesmo horário, são divulgados dados de novos pedidos de seguro-desemprego relativos a 5 de dezembro no país.

Também às 10h30 são divulgados dados sobre o lucro médio real por hora e os resultados médios reais semanais no país, relativos a novembro. Às 14h, são divulgados dados sobre a variação em patrimônio líquido familiar no terceiro trimestre. Às 16h, é divulgado o balanço orçamentário federal relativo a novembro.

3. Disputa pela Câmara dos Deputados

Na quarta, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), lançou sua candidatura à Presidência da Câmara, com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de partidos que formam o bloco do Centrão: Progressistas, PSD, PL, Solidariedade e Avante. Também tem apoio de Patriota, PROS e PSC. Espera-se também que o PTB oficialize nesta semana a adesão a sua candidatura.

Em um grupo de WhatsApp com integrantes do governo, o então ministro do Turismo, deputado Marcelo Álvaro Antônio (PSL), acusou na quarta o chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável por articulações com o Congresso, de tentar tirá-lo do cargo, buscando um acordo para favorecer apadrinhados do Centrão para obter a Presidência da Câmara.

Em um dos trechos vazados pela TV Globo, afirma: “Ministro Ramos, o senhor é exemplo de tudo que não quero me tornar na vida. Quero chegar ao fim da minha jornada exatamente como meus pais me ensinaram, leal aos meus companheiros e não um traíra como o senhor”.
Após o vazamento, Ramos pediu a Bolsonaro a demissão de Marcelo Álvaro Antônio, sendo atendido. Segundo informações de bastidores, Bolsonaro já pretendia demitir o então ministro do Turismo e ficou irritado com a briga. A exoneração foi publicada no Diário Oficial nesta quinta. Também foi publicada a nomeação para o cargo de Gilson Machado, que comandava a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).

Do outro lado, líderes de seis partidos anunciaram um novo bloco na Câmara dos Deputados a partir de 2021, formado por DEM, PSL, MDB, PSDB, Cidadania e PV, com 147 deputados. De acordo com Efraim Filho (DEM-PB), líder do DEM, o movimento faz parte de um esforço do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para eleger um sucessor. Ainda não foi escolhido um candidato.

Na quarta, Maia afirmou que o governo estaria “desesperado” para eleger um aliado como presidente da Câmara, com objetivo de fazer avançar a pauta de costumes e desorganizar a agenda do meio ambiente.
“O governo está desesperado para tomar conta da presidência da Câmara dos Deputados. O governo está desesperado para desorganizar de uma vez por todas a agenda do meio ambiente neste país (…) o governo está, de uma vez por todas, interessado em flexibilizar a venda e a entrega de armas neste país, entre outras agendas que desrespeitam a sociedade brasileira e as minorias. Infelizmente, pouca prioridade naquilo que é fundamental”, acusou Maia.

4. Vacinação no Brasil

Na quarta, o Brasil voltou a registrar mais de 800 mortes por Covid em 24 horas. Foram 848 mortes no total, o maior número desde 12 de novembro, quando se atingiu a marca de 926. Pela primeira vez, a média móvel de mortes subiu em 21 estados e no Distrito Federal, atingindo a marca de 643, a maior desde o início de outubro.
Na quarta-feira, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou à rede CNN Brasil que a vacinação pode começar no Brasil em dezembro ou janeiro, se algum fabricante “adiantar alguma entrega” e se a Anvisa conceder uma autorização emergencial. A fala gerou surpresa porque, anteriormente, Pazuello havia afirmado que a Anvisa levaria até 60 dias para aprovar um imunizante contra a Covid-19.

“Se a Pfizer conseguir a autorização emergencial e nos adiantar alguma entrega, isso [o início da vacinação] pode acontecer no final de dezembro ou em janeiro. Isso em quantidades pequenas, de uso emergencial (…) Isso pode acontecer com a Pfizer, com o Butantan [em aparente referência à CoronaVac], com AstraZeneca [que desenvolve vacina em parceria com a Universidade de Oxford], mas é foro íntimo da desenvolvedora, não é uma campanha de vacinação”, afirmou.

A Pfizer, primeira empresa a obter autorização para uso emergencial no Ocidente de uma vacina contra a covid, afirmou, no entanto, que não conseguiria entregar o produto antes de janeiro no Brasil. O governo anunciou no início da semana que fechou um acordo de compra de 70 milhões de doses da vacina, mas o contrato de compra ainda está em negociação. A Anvisa afirma que até o momento não houve pedido de uso emergencial de vacina pela Pfizer.

O governo divulgou uma nota na quarta afirmando que o plano de imunização definitivo “será apresentado em breve”. Segundo o jornal O Globo, a pasta apresentou um slide em que confirma a exclusão de pessoas privadas de liberdade dos grupos prioritários de vacinação. A decisão não teve aval de Francieli Fantinato, responsável pelo Programa Nacional de Imunização.

5. Radar corporativo

A Vale e o governo de Minas Gerais negociam um acordo de reparação de danos associados ao rompimento de uma barragem da empresa, em Brumadinho (MG), que deve envolver a injeção de bilhões de reais pela mineradora em fundos a serem geridos pelo Estado, disseram à agência de notícias Reuters duas fontes próximas das tratativas.

As conversas por ora focam na chamada “governança” do acerto, e não valores, com objetivo de definir responsabilidades pelos trabalhos de compensação e como eles seriam executados, e há alinhamento entre as partes contra a criação de uma organização voltada especificamente a essas tarefas, acrescentaram as fontes, que falaram sob a condição de anonimato.
Assim, a mineradora e representantes do governo estadual buscarão arquitetar um desenho diferente do proposto por autoridades após o rompimento em 2015 de uma barragem da Samarco em Mariana (MG). A Vale e a BHP, donas da empresa, acordaram na época a criação da Fundação Renova para gerenciar ações de reparação.

A Petrobras concluiu a venda de 100% de suas participações em quatro campos terrestres na Bacia do Tucano (BA), para a Eagle Exploração de Óleo e Gás Ltda. Segundo fato relevante divulgado pela petrolífera, a operação foi concluída com o pagamento de US$ 2,571 milhões para a Petrobras, já com os ajustes previstos no contrato. O valor recebido, acrescenta a empresa, se soma aos US$ 602 mil pagos na assinatura do contrato de venda, totalizando US$ 3,173 milhões.

Já a MRV Engenharia anunciou na véspera o lançamento da Sensia, nova incorporadora da companhia voltada a lançamentos imobiliários para consumidores com renda mensal entre R$ 7 mil e R$ 11 mil. O valor do investimento não foi divulgado.
Em reunião com analistas na quarta, Julian Garrido, vide-presidente da Alpargatas afirmou que a empresa pode ampliar suas margens. “As margens podem ser maiores daqui para frente. Com o volume de vendas crescendo, a empresa consegue absorver mais o custo fixo”, disse.

Na AES Brasil, o Conselho de Administração elegeu Clarissa Accorsi como CEO enquanto que, na Copel, o Conselho aprovou capex de R$ 1,9 bilhão para 2021. A Vasta, subsidiária da Cogna listada na Nasdaq, comprou a plataforma digital Meritt.

Ainda em destaque, as ações da Rede D’Or estreiam após IPO.

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