Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A safra de café do Brasil 2020 foi estimada nesta quinta-feira em recorde de 63,08 milhões de sacas de 60 kg, o que representa um aumento de 27,9% ante a temporada passada, impulsionada pela bienalidade positiva do arábica, além de um aumento na área colhida, de acordo com relatório da Companhia Nacional de Abastecimento.
A nova previsão para o maior produtor e exportador global de café ficou acima da projeção de setembro da Conab de 61,6 milhões de sacas, superando também o recorde anterior de 2018, de acordo com os números da estatal.
“De maneira geral, as boas condições climáticas, observadas ao longo do ciclo, os efeitos fisiológicos relacionados à bienalidade positiva, o incremento na área em produção bem como a abundância e uniformidade nas floradas foram alguns dos fatores que influenciaram no aumento do volume…”, disse a Conab.
O volume previsto pela Conab, contudo, ficou abaixo de estimativas do mercado, como acontece historicamente.
Nesta quinta-feira, a consultoria Safras & Mercado elevou a previsão de safra do Brasil para 69,5 milhões de sacas de 60 kg.
A Conab vê a safra de arábica de 2020 em recorde de 48,8 milhões de sacas, ante 47,3 milhões na previsão de setembro. Enquanto isso, a Safras projetou 50,1 milhões para a colheita do arábica.
Já a safra de robusta foi vista pela Conab em 14,3 milhões de sacas, ante 14,2 milhões na estimativa anterior. A consultoria apurou 19,4 milhões.
De acordo com a Conab, a safra de café arábica do Brasil fecha o ano com crescimento de 42,2% ante a temporada passada, enquanto a produção de robusta cai 4,7% versus 2019.
A área colhida de café do Brasil terminou o ano com aumento de 3,9%, para 1,88 milhão de hectares.
A Conab destacou que o maior produtor de café do Brasil segue sendo com folga Minas Gerais, com 34,65 milhões de sacas e crescimento de 41,1% no comparativo com 2019, graças principalmente ao arábica que responde por mais de 90% do café do Estado.
O Espírito Santo, em segundo lugar, produziu neste ano 13,96 milhões de sacas. Das lavouras capixabas, saíram 9,19 milhões de sacas de conilon (queda de 12,4% ante 2019) e 4,77 milhões de sacas de arábica (+58,7%).
São Paulo vem em seguida, com 6,18 milhões de sacas e aumento de 42,4%. A Bahia também obteve aumento expressivo, de 32,9%, alcançando 3,99 milhões de sacas. Rondônia produziu 2,44 milhões de sacas, crescimento de 11,2%.
EXPORTAÇÃO
Os grandes volumes produzidos estão encontrando mercado no exterior, apontou a Conab, lembrando que em novembro as exportações brasileiras de café foram recordes.
“O aumento foi de 32% sobre o mesmo mês de 2019, com o embarque de 4,3 milhões de sacas (60 kg), considerando-se a somatória de café verde, solúvel e torrado/moído”, disse a estatal, em comunicado.
De julho a novembro, foram 19,8 milhões de sacas, o que representa aumento de 15% sobre 2019.
“Com o dólar valorizado, o café brasileiro se tornou ainda mais competitivo no mercado internacional e as vendas antecipadas ganharam ritmo”, ressaltou.
Levantamentos da Conab indicam que, em novembro, cerca de 74% da produção da safra 2020/21 já se encontrava comercializada, enquanto que em igual período de 2019 e na média dos últimos cinco anos, essas porcentagens eram de, respectivamente, 71% e 69%.