Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) – O Federal Reserve começará a reduzir seu programa de compra de títulos da era da pandemia ainda este ano, deixando o banco central dos Estados Unidos com um balanço patrimonial de mais de 8,5 trilhões de dólares antes que as compras se encerrem em meados de 2022, e está chegando um possível debate sobre o que fazer de diferente da próxima vez.
A resposta rápida pode ser “nada”: ao quase dobrar o tamanho da carteira de títulos desde o início da pandemia, no início de 2020, o Fed ajudou a estabilizar os mercados financeiros, usou suas compras em andamento para sinalizar que lutaria contra a crise econômica pelo tempo necessário e agora planejou seu encerramento sem “tantrum” (forte movimento de vendas) do mercado.
O chair do Fed, Jerome Powell, disse a repórteres na quarta-feira após o fim de sua reunião de política monetária que o banco central começará a reduzir seus 120 bilhões de dólares em compras mensais de ativos “em breve” e as encerraria em meados do ano que vem.
O programa “serviu ao seu propósito”, disse Tom Garretson, estrategista sênior de portfólio da RBC Wealth Management.
O maior problema, Garretson e outros notaram, é que além do impacto inicial nos mercados financeiros, não é certo que a compra de títulos do Fed teria sido suficiente para compensar a profunda, embora curta, recessão do ano passado sem os gastos governamentais expressivos que foram autorizados pelo Congresso.
A conclusão? A política monetária administrada pelo Fed e os programas fiscais implementados por autoridades eleitas também precisarão se unir em futuras recessões.
“A lição dominante … é que as ferramentas do Federal Reserve e de outros bancos centrais são substancialmente inadequadas para lidar com um enfraquecimento material da atividade econômica, e os formuladores de políticas fiscais precisam reconhecer isso”, disse David Wilcox, ex-chefe da divisão de pesquisa do Fed e agora membro sênior do Peterson Institute for International Economics.
Para o Fed, a pandemia consolidou suas compras antes “não convencionais” de Treasuries e títulos lastreados em hipotecas como parte central da política monetária, a forma preferida de continuar ajudando a economia, uma vez que a taxa básica de juros “overnight” do banco central foi reduzida a perto de zero.
Em uma audiência no Congresso na quinta-feira, o economista do Roosevelt Institute Mike Konczal disse que isso deveria ser uma parte permanente da política do Fed.
Esses esforços “foram mais bem-sucedidos do que as pessoas imaginam” em conter os custos de empréstimos para governos e empresas locais, disse Konczal, e são “uma evolução da política monetária não convencional … que provavelmente permanecerá conosco”.