Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) -A elétrica EDP Energias do Brasil (SA:ENBR3), da portuguesa EDP (LS:EDP), registrou lucro líquido de 809 milhões de reais no quarto trimestre, alta de 15,6% ante o mesmo intervalo em 2020, informou nesta quinta-feira a companhia, ao anunciar ainda o pagamento de dividendo recorde.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado entre outubro e dezembro somou 1,36 bilhão de reais, alta de 66,3% na comparação com um ano antes.

Em 2021, a EDP alcançou um resultado recorde, com lucro de 2,2 bilhões de reais, avanço de 43,2% ante 2020. Já o Ebitda ajustado somou 3,5 bilhões de reais, alta de 40,3%.

O resultado, disse a jornalistas o presidente da EDP no Brasil, João Marques da Cruz, reflete o êxito da estratégia da companhia, com foco nos segmentos de transmissão, energia solar e distribuição.

“O desempenho deste ano foi muito bom… é possível e nós vamos pagar um dividendo recorde”, frisou Cruz. “Será o maior dividendo da história da empresa.”

A empresa anunciou nesta quarta-feira que pagará dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 1,2 bilhão de reais, o que representa 2,18 reais por ação.

Em comunicado, a elétrica apontou ainda que o volume de energia distribuída registrou crescimento de 5,5%, em função da recuperação da atividade econômica e da expansão no número de clientes.

Outro destaque foi o reajuste tarifário das distribuidoras, que resultou em aumentos de 46% e 33% da Parcela B, na EDP Espírito Santo e na EDP São Paulo, respectivamente.

EXPANSÃO SOLAR

Cruz reiterou a jornalistas que a EDP tem como estratégia aumentar a sua exposição a ativos de geração solar, enquanto busca reduzir o número de hidrelétricas em seu portfólio. A expectativa é somar em 2022 uma capacidade de geração fotovoltaica de 650 MW a 700 MW.

Nesse contexto, a companhia anunciou sua primeira usina solar de larga escala, Monte Verde Solar, em parceria com a EDP Renováveis. O projeto tem capacidade instalada de 209 MW e contrato de compra e venda de energia de 15 anos já firmado.

A empresa está próxima também de anunciar um projeto solar em São Paulo, de 250 MW, e trabalha para concretizar um terceiro projeto em Minas Gerais, segundo o executivo, que evitou entrar em detalhes.

“Queremos rebalancear nosso portfólio com mais solar e menos hídrica… é uma opção estratégica”, ressaltou Cruz.

Nesse segmento, a EDP também efetivou ainda a aquisição da AES Inova, plataforma de investimento em geração distribuída da AES Brasil (SA:AESB3), e a compra de participação de 40% na Blue Sol, empresa de geração fotovoltaica voltada ao mercado B2C.

Do lado da venda de hidrelétricas, Cruz destacou que a EDP não “venderá as hídricas a qualquer preço ou condição”. “Não temos nenhuma pressão para vender… Acabamos de anunciar dividendos recorde, o que mostra solidez da empresa”, ressaltou.

Segundo ele, as negociações exclusivas com uma entidade cujo nome não foi revelado para a venda das hidrelétricas Santo Antônio do Jari, Cachoeira Caldeirão e Mascarenhas não obtiveram sucesso, pois as condições do negócio não se mostraram atrativas.

TRANSMISSÃO

Na frente de transmissão, Cruz disse que a empresa avaliará todos os lotes que serão ofertados em leilão previsto para 30 de junho e que deverá participar do certame, sem adiantar estratégias.

“Estamos a crescer na transmissão e temos todo interesse de estar (presente no leilão)”, afirmou o executivo, que afirmou ainda acreditar que será um leilão competitivo.

Em 2021, a EDP avançou no segmento de transmissão com uma estratégia de criação de valor por meio da rotação de ativos.

Nesse sentido, a empresa destacou duas transações: a compra da EDP Goiás (antiga Celg T) em leilão realizado em outubro do ano passado, e a venda, no mesmo mês, de três ativos de Transmissão –os lotes 24, no Espírito Santo, e 7 e 11, no Maranhão.

Nestas operações, a companhia reiterou ter alienado 439 quilômetros de linhas e três subestações e incorporado 756 quilômetros de linhas e 14 subestações.

No mesmo ano, a companhia realizou as aquisições do lote Mata Grande, no Maranhão, no mercado secundário, e do lote 1 do Leilão de Transmissão nº 1/2021, localizado entre os estados do Acre e Rondônia.

(Por Marta Nogueira; edição de Roberto Samora)

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