A Petrobras reportou lucro líquido de 44,56 bilhões de reais referente ao primeiro trimestre, uma disparada ante o valor de 1,167 bilhão de reais obtido um ano antes, em meio a preços mais altos do petróleo e derivados, conforme balanço financeiro divulgado nesta quinta-feira.

O resultado também superou em 41,4% o lucro visto no quarto trimestre do ano passado, quando somou 31,5 bilhões de reais, com maior produção e exportação de petróleo, menores custos com importação de Gás Natural Liquefeito (GNL), ganhos cambiais devido à valorização do real frente ao dólar, os preços do petróleo mais altos e maiores margens de diesel no período.

O resultado superou as projeções de analistas consultados em pesquisa da Refinitiv, que indicavam 43,48 bilhões de reais.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado atingiu 77,71 bilhões de reais, contra estimativa de 76,3 bilhões. Nos três primeiros meses do ano passado, o montante ficou em 48,9 bilhões de reais.

Já a receita de vendas avançou 64,4% na comparação anual, para 141,6 bilhões de reais. As vendas de diesel somaram 38,8 bilhões de reais, com alta de 54,5% na mesma comparação, e as de gasolina dispararam 75,3%, para 19,4 bilhões de reais, em meio a preços mais altos dos produtos.

Na semana passada, a empresa havia informado uma queda de apenas 2,1% no volume vendido de diesel ante o mesmo período do ano passado, o que indica o impulso dos preços nos ganhos com o combustível mais vendido pela empresa.

Quase que no mesmo momento em que a Petrobras divulgava seus resultados, o presidente Jair Bolsonaro afirmava em sua live semanal que o lucro da empresa é um “estupro”. Ele disse ainda que pediu por uma redução na margem de lucro da petroleira estatal, e fez um apelo para que não haja novos aumentos de preços.

Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente. Mas o presidente da companhia, José Mauro Coelho, afirmou no relatório do resultado que o “sólido” desempenho se deve ao fato de a companhia estar “saneada”, tendo reduzido encargos com o pagamento da dívida.

Parte do endividamento no passado da empresa –que chegou a ter a maior dívida de uma companhia de petróleo– foi acumulado durante período em que a petroleira subsidiava combustíveis aos brasileiros, evitando repassar a alta das commodities para os consumidores.

Coelho, que tomou posse no mês passado após o presidente anterior da empresa Joaquim Silva e Luna ter sido substituído em meio a queixas de Bolsonaro sobre os preços dos combustíveis, comentou ainda que com uma empresa saudável financeiramente é possível gerar “retorno importante para o acionista, em especial a sociedade brasileira, representada pela União”.

O Conselho da Petrobras aprovou nesta quinta-feira distribuição de dividendos no valor de 3,715490 reais por ação preferencial e ordinária em circulação, somando 48,5 bilhões de reais, conforme informações da empresa.

“Tudo isso gera desenvolvimento econômico em toda a cadeia produtiva, gerando emprego, renda e arrecadação de tributos para o país”, disse Coelho, mantendo um discurso do ex-presidente Luna.

Coelho citou que no trimestre a companhia pagou para União, Estados e municípios em tributos “uma vez e meia o valor do nosso lucro líquido”, ou quase 70 bilhões de reais.

“A Petrobras está distribuindo os frutos de sua geração de valor para a população brasileira”, acrescentou o CEO.

Para o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), criado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), a distribuição de dezenas de bilhões em dividendos só foi possível em virtude do expressivo aumento das receitas de vendas nos mercados interno e externo, impulsionadas tanto pelas altas dos preços do petróleo quanto pela forte elevação dos valores dos derivados no Brasil.

“A manutenção da política de preços de paridade de importação (PPI) revelou-se, mais uma vez, elemento central da estratégia de geração de valor da companhia, a despeito dos seus impactos nefastos no custo de vida dos brasileiros”, disse o pesquisador do Ineep, Mahatma dos Santos, em nota.

PREÇO DO BRENT

A Petrobras disse que a média do preço do barril de petróleo (Brent) no trimestre foi de 101 dólares, patamar que não ocorria desde o primeiro trimestre de 2014.

“Apesar do mesmo nível de preço, o desempenho da Petrobras é bastante superior neste trimestre em comparação ao período anterior de preço equivalente de Brent”, destacou.

A empresa afirmou ainda que convive com um “nível saudável” de endividamento bruto, que atingiu 58,6 bilhões de dólares no primeiro trimestre, valor 74% menor que a dívida no mesmo período de 2014, quando o endividamento explodiu. Além disso, os juros pagos de financiamentos caíram 65% neste período, destacou.

Já a dívida líquida foi de 40,1 bilhões de dólares, queda de 16% ante o quarto trimestre.

(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello em Brasília e Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro)

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