(Bloomberg) — O compromisso da China com o Covid Zero significa que é praticamente certo que o país não alcançará sua meta de crescimento econômico por uma grande margem pela primeira vez.

A estimativa mediana de economistas para o crescimento do PIB chinês este ano caiu para 4,5%, de acordo com a última pesquisa compilada pela Bloomberg, bem abaixo da meta oficial de cerca de 5,5%.

Pequim admitiu não ter atingido a meta apenas uma vez desde que a estabeleceu há três décadas – por apenas 0,2 ponto percentual em 1998. O governo não estabeleceu uma meta em 2020, quando a pandemia de coronavírus se espalhou pela primeira vez.

A China nunca ajustou a meta no meio do ano, então não há clareza sobre se essa opção existe ou como seria feita. Economistas acham que é mais provável que a meta do PIB seja discretamente posta em segundo plano à medida que preservar e criar empregos se torna prioridade.

O presidente Xi Jinping lançou as bases para tratar a meta do PIB como apenas um objetivo entre vários, escrevendo em um documento chave do partido comunista no ano passado que não deveria mais ser um “único critério de sucesso”.

Pequim não menciona a meta de crescimento desde março. Em vez disso, as autoridades enfatizaram repetidamente a estabilização do emprego, que o governo pode aumentar subsidiando empresas para reter trabalhadores para manter a taxa de desemprego abaixo da meta de 5,5%, mesmo que não possam trabalhar devido aos controles de Covid.

“Faz sentido” que Pequim não veja mais a meta como uma “restrição rígida”, disse Zhu Ning, ex-assessor do banco central da China.

Ao deixar de enfatizar o crescimento do PIB em nome de outras prioridades, como segurança nacional, controle de riscos financeiros e redução da poluição, não atingir a meta provavelmente representa pouco risco político para Xi, mesmo quando ele busca um terceiro mandato como líder em um congresso do Partido Comunista no outono.

“Não acho provável que o não cumprimento da meta do PIB leve a um grande revés”, disse Jeremy Wallace, especialista em política econômica da China na Universidade de Cornell. “O governo argumentará que o crescimento abaixo da meta foi justificado pelas medidas necessárias de Covid e apontará a baixa taxa de mortalidade da China como evidência da sabedoria de suas escolhas”.

A máquina de propaganda já foi acionada. Os principais jornais estatais, incluindo o Diário do Povo, o Shanghai Securities News e o Economic Daily, todos publicaram um relatório na primeira página na quarta-feira sobre a prioridade de Xi no crescimento e as conquistas econômicas do país sob sua liderança.

Outra opção: acochambrar os números. Com base em experiências anteriores, a manipulação estatística pode adicionar 1 ponto percentual à taxa de crescimento da China este ano, segundo economistas do Goldman Sachs em nota recente.

No entanto, os dados oficiais de abril mostram uma forte contração em toda a economia e sugerem que “o choque negativo da Covid é grande demais para suavizar”, acrescentaram.

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