Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar devolveu ganhos iniciais e passava a cair frente ao real nesta sexta-feira, com participantes do mercado digerindo um relatório de emprego norte-americano mais forte do que o esperado, que, embora possa justificar a manutenção de um ritmo agressivo de aperto monetário pelo banco central dos Estados Unidos, também é alívio para as perspectivas econômicas.

Enquanto isso, no Brasil, investidores avaliavam a leitura de junho do IPCA.

A economia dos EUA abriu 372 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, informou o Departamento do Trabalho do país nesta sexta-feira, contra estimativa em pesquisa da Reuters de criação líquida de 268 mil postos.

O resultado acima do esperado em junho deixa a economia mais perto de recuperar todos os empregos perdidos durante a pandemia. A taxa de desemprego permaneceu em 3,6% pelo quarto mês consecutivo.

Esse resultado afasta a perspectiva de piora no mercado de trabalho norte-americano, mesmo em meio ao recente ressurgimento de temores internacionais de recessão, disse Gustavo Gruz, estrategista da RB Investimentos, acrescentando que isso reforça a tendência de aumento mais agressivo nos juros pelo Federal Reserve.

Por um lado, essa perspectiva pode beneficiar o dólar, já que custos de empréstimos mais altos nos EUA tendem a atrair recursos para o mercado de renda fixa norte-americano. Por outro, a resiliência do emprego nos Estados Unidos é boa notícia para investidores que têm mostrado preocupação com o desempenho da maior economia do mundo.

Às 10:29 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,51%, a 5,3169 reais na venda, embora tenha saltado brevemente na esteira do relatório de emprego norte-americano. No pico do dia, a moeda ganhou 0,48%, a 5,3701 reais.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:29 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,52%, a 5,3475 reais.

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes subia 0,23%, a 107,240. Apesar da valorização, o índice estava bem abaixo das máximas do pregão, que foram atingidas imediatamente após a divulgação do relatório de emprego.

No Brasil, investidores digeriam a leitura de junho do IPCA, que subiu 0,67% no período, ante taxa de 0,47% em maio. Apesar da aceleração, o resultado veio ligeiramente abaixo do esperado em pesquisa da Reuters, e foi, no geral, bem recebido pelos mercados domésticos.

Cruz, da RB, disse que os dados de inflação reforçam a perspectiva de que o Banco Central encerrará seu ciclo de aperto monetário em agosto. A maior parte dos mercados aposta numa elevação de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 13,75%.

Juros domésticos altos são vistos como fator de apoio para o real, já que tornam os retornos da moeda mais atraentes para o investidor estrangeiro. A aproximação do fim do ciclo de aperto monetário também pode jogar a favor da moeda brasileira, já que um prolongamento dos aumentos de juros arriscaria piorar as perspectivas para o crescimento econômico.

A moeda norte-americana spot recuou 1,45% na véspera, a 5,3443 reais, maior desvalorização diária desde 15 de junho (-2,07%).

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