Trump mira a China e acerta Canadá e Brasil

Tarifa sobre aço, marco de nova guerra comercial, atinge mais os aliados dos EUA

FOLHA DE SÃO PAULO, 5.mar.2018 às 2h00

As manchetes de Wall Street Journal, Financial Times e CNN acordaram no fim de semana para o fato de que a China não foi a vítima de Trump, ao anunciar tarifas contra importação de aço.

Ao vivo e anonimamente, a Casa Branca afirmou que não haverá exceção, isenção de país. Ou seja, a guerra comercial deve “ferir mais aliados que adversários”, publicou o WSJ, explicando:

O Canadá é o maior fornecedor de aço para os Estados Unidos, respondendo por 17%, seguido de perto por Brasil e Coreia do Sul.”

Na China, o jornal Huanqiu (Global Times, na edição em inglês), ligado ao Partido Comunista, publicou um editorial em que mal conseguia esconder o sarcasmo:

A China é só o 11º exportador de aço para os EUA, depois de Canadá, Brasil, Coreia do Sul, México, Rússia, Turquia, Japão, Alemanha, Taiwan, que é da China, e Índia. Nós suspeitamos que a retórica ‘punir a China’ de Trump é somente uma tática para sujeitar os seus aliados.”

O WSJ arriscou uma outra explicação, em longa reportagem intitulada “Em cidade do aço na Pensilvânia, a proposta de tarifa é vencedora”. A medida é vista por lá como “uma chance de mais empregos e maiores salários”.

SEM ACORDO

No jornal paraguaio ABC Color e por agências como Reuters, a rodada de negociações de duas semanas do Mercosul com a União Europeia terminou sem acordo de livre comércio. O ministro do exterior do Paraguai, onde aconteceu o novo e talvez último fracasso, falou que as negociações ainda poderão continuar por teleconferência.

TRUMP & XI

De Trump, sobre o fim do limite à reeleição na China, em áudio de reunião fechada com doadores, obtido pela CNN, acima: “Eu acho que é ótimo. Talvez tenhamos que fazer uma tentativa com isso algum dia”. A reeleição nos EUA era irrestrita até 1951, quando foi limitada a dois mandatos.

MÚLTIPLOS PAÍSES

Em sua manchete de domingo, mantida ao longo do dia nas plataformas digitais, o New York Times noticiou que o procurador especial “Mueller sinaliza inquérito mais amplo” sobre a influência externa na política americana. Agora envolveria o “exame de quanto dinheiro, de múltiplos países, entrou e influenciou Washington na era Trump” antes e depois da eleição.

Mais especificamente, a investigação se voltou para um “assessor do governante de fato dos Emirados Árabes Unidos, o príncipe herdeiro”. Assessor que o jornal liga também, inclusive em fotos, ao primeiro-ministro israelense.

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