Setor de Serviços apesar de engatar a 2ª alta seguida, ainda acumula queda de 8,9% no ano e mostra recuperação mais lenta do que a observada no comércio e indústria.
Por Darlan Alvarenga, G1
11/09/2020
O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 2,6% em julho, na comparação com junho, engatando a segunda alta mensal seguida, divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de acumular ganhos de 7,9% em dois meses, o setor ainda não conseguiu eliminar a perda de 19,8% registrada entre os meses de fevereiro e maio.
A resultado de junho foi revisado para uma alta de 5,2%, ante leitura inicial de avanço de 5%.
“O avanço de 2,6% não foi suficiente para eliminar as perdas observadas entre fevereiro e maio. Vale destacar que o efeito da pandemia propriamente dito ocorreu entre março e maio. O resultado negativo de fevereiro ainda não era decorrente das medidas de isolamento social e sim uma acomodação do setor de serviços frente ao avanço do final de 2019”, destacou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Na comparação com julho do ano passado, o volume de serviços recuou 11,9%, a quinta taxa negativa seguida nesta base de comparação.
No acumulado do ano, o setor ainda acumula queda de 8,9% frente a igual período de 2019. Em 12 meses, a perda é de -4,5%, resultado negativo mais intenso desde julho de 2017 (-4,6%).
O setor de serviços tem apresentado uma recuperação mais lenta do que a observada no comércio e na indústria, sobretudo nas atividades que envolvem atendimento presencial.
Serviços para famílias voltam a cair.
Das 5 atividades pesquisadas, 4 tiveram alta na passagem de junho para julho, com destaque para os serviços de informação e comunicação (2,2%) e de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,3%).
Já os serviços prestados às famílias, que inclui hotéis e restaurantes, registraram queda de 3,9%, após avançar 12,2% entre maio e junho.
“O avanço do setor foi puxado pelas atividades de portais, provedores de conteúdo e ferramentas de busca na internet, que têm receitas de publicidade; e também pelos aplicativos e plataformas de videoconferência, que tiveram um ganho adicional durante a pandemia”, destacou Lobo.
Das 27 unidades da federação, 20 tiveram expansão no volume de serviços em julho. São Paulo (1,6%) e Rio de Janeiro (3,3%) registraram as principais altas. Outras contribuições positivas relevantes vieram do Rio Grande do Sul (3,5%) e do Distrito Federal (5,2%). Já os impactos negativos mais relevantes foram do Ceará (-2,5%) e Bahia (-0,9%).
Recuperação e perspectivas
O setor de serviços tem sido um dos mais abalados pela pandemia de coronavírus e registrou uma queda recorde de 9,7% no 2º trimestre, segundos os dados do PIB (Produto Interno Bruto). Embora tenha peso de 70% na economia brasileira, vale destacar que as atividades investigadas na pesquisa mensal do IBGE representam apenas cerca de 30% do PIB.
Após o tombo histórico da economia, a expectativa é de recuperação gradual no 3º trimestre, apesar das incertezas sobre a dinâmica da pandemia, do elevado desemprego e do rumo das contas públicas.
Na véspera, o IBGE mostrou que as vendas do comércio cresceram 5,2% em julho. Apesar de marcar a 3ª alta seguida, o varejo brasileiro ainda acumula queda de 1,8% no ano. Já a indústria avançou 8% em julho, mas permanece 6% abaixo do patamar pré-pandemia e acumula perda de 9,6% no ano.
O Índice de Confiança de Serviços, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), avançou para 85 pontos em agosto, mas continua abaixo do nível pré-pandemia, com alguns segmentos ainda enfrentando obstáculos para retomar as atividades.
A estimativa atual do mercado é de um tombo de 5,31% do PIB em 2020 e de 3,50% em 2021, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Mesmo com a melhora das previsões nas últimas semanas e redução do pessimismo, ainda deverá ser de longe o pior desempenho anual já registrado no país.
Atividades turísticas crescem 4,8% em julho
Já o índice de atividades turísticas cresceu 4,8% em julho frente a junho, terceira taxa positiva seguida, acumulado um ganho de 36,1% no período. Apesar da recuperação, a atividade também segue longe de recuperar as perdas com a pandemia. No acumulado em 2020, a baixa é de 37,9%.
O segmento de turismo acumulou queda de 68,1% entre março e abril, em meio ao isolamento social, que atingiu intensamente boa parte das empresas que compõem as atividades turísticas, principalmente, transporte aéreo de passageiros, restaurantes e hotéis.
Regionalmente, os destaques de alta foram observados em São Paulo (5,4%) e Rio de Janeiro (11,5%), seguido por Pernambuco (18,9%), Minas Gerais (5,5%) e Distrito Federal (15,4%). Em sentido oposto, Ceará (-23,0%) e Santa Catarina (-4,8%) exerceram os principais impactos negativos.
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