SÃO PAULO (Reuters) – O tempo mais firme esperado para boa parte das regiões produtoras de grãos do Brasil deve favorecer os trabalhos de colheita de soja e plantio de milho nesta semana, ajudando a reduzir os atrasos em relação a safras anteriores, indicaram especialistas nesta segunda-feira.

Segundo a consultoria AgRural, as condições mais secas no final de semana já colaboraram com as atividades nos campos, e o cenário é favorável.

“Foi melhor para colher (soja) em boa parte do centro-sul, e esse tempo mais firme que está previsto, se ocorrer, vai ajudar a colheita a avançar bem”, afirmou o analista Adriano Gomes, da AgRural.

“No plantio (de milho) também, com certeza vai ajudar nessa reta final. Mato Grosso já esta com o plantio praticamente finalizado nas áreas que vão receber semente de milho”, acrescentou ele.

Segundo o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos, a tendência a partir de agora, com a chegada do outono, não é mais de invernadas.

“A semana será marcada pela volta do tempo aberto e condições excepcionais para o avanço da colheita e finalização da colheita de soja”, disse Santos, em boletim diário.

Após um atraso no plantio pela seca e com chuvas que afetaram a retirada da oleaginosa das lavouras posteriormente, o Brasil viu o ritmo mais lento dos trabalhos em dez anos em 2020/21.

A lentidão atrapalhou o início da temporada de exportações do Brasil, mas os volumes esperados para março devem ser grandes, com a maior oferta de soja.

Ao longo da semana passada, o tempo mais seco já havia favorecido os trabalhos, com o índice colhido chegando a 59% da área cultivada no Brasil até quinta-feira, contra 46% uma semana antes e 66% um ano atrás.

A AgRural, que estima a safra brasileira em recorde de 133 milhões de toneladas, afirmou que esse número já considera produtividades médias inferiores às do ano passado na maioria dos Estados produtores.

Disse também que a projeção será revisada para clientes até o fim de março e que “deve trazer redução em parte de Mato Grosso devido às perdas causadas pelo excesso de chuva”.

MILHO

Consultorias também apontaram que o avanço da colheita de soja permitiu que o plantio de segunda safra de milho engrenasse na semana passada, ainda que as atividades com o cereal já ocorram fora da janela climática ideal.

Segundo a AgRural, a semeadura da “safrinha” de milho 2021 saltou de 74% para 90% da área no centro-sul do Brasil, ante 96% um ano atrás.

“As condições iniciais de desenvolvimento da nova safra são boas em toda a região, especialmente após as chuvas registradas em áreas que estavam precisando de umidade em Mato Grosso do Sul”, disse a consultoria.

Já a Safras & Mercado notou nesta segunda-feira um plantio em ritmo mais lento, atingindo 86,2% da área estimada de 14,125 milhões de hectares.

No mesmo período do ano passado o cultivo atingia 90,3% da área de 13,27 milhões de hectares da safrinha 2020, enquanto a média de plantio para o período nos últimos cinco anos é de 96,1%. Na semana passada, o número era de 71,7%.

(Por Roberto Samora; Edição de Luciano Costa)

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