Por Leticia Fucuchima e Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) – A AES Brasil (SA:AESB3) e a Unipar (SA:UNIP3) Carbocloro assinaram um novo acordo de autoprodução de energia, num projeto que envolverá investimentos de 510 milhões de reais em geração de energia eólica no Nordeste, informaram ambas as empresas nesta quarta-feira.
A parceria prevê a instalação de um parque de 91 megawatts (MW) potência no complexo eólico Cajuína, que está sendo desenvolvido pela AES Brasil no Rio Grande do Norte.
As empresas criarão uma joint venture específica para o projeto, que segue o modelo de autoprodução de energia. O contrato estabelece a comercialização de 40 MW médios a partir de 2024, por um prazo de 20 anos.
Com o novo acordo, a Unipar passará a produzir 80% da eletricidade que consome. A previsão é de que unidade entre em operação no final de 2023, segundo o presidente-executivo da Unipar, Mauricio Russomano.
“A energia gerada será usada para a Unipar produzir hidrogênio verde”, disse Russomano à Reuters, referindo-se ao produto gerado sem emissão de poluentes.
Trata-se da terceira joint-venture para geração de energia anunciada pela Unipar desde que deslanchou seu plano para a área há 18 meses. Desde então, anunciou dois projetos — um eólico com a AES Brasil, na Bahia, e outro de energia solar em Minas Gerais com a Atlas Renewable Energy.
O anúncio acontece ainda em meio aos planos da Unipar de construir até duas fábricas para produção de cloro e soda na região Nordeste do país. Estão sendo analisados possíveis locais para instalação na Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco ou Sergipe.
Já para a AES Brasil, o novo projeto representa um avanço na contratação do completo Cajuína — o maior em desenvolvimento hoje pela empresa –, além de diferenciais competitivos da elétrica em relação a outros geradores no mercado, disse à Reuters Rogerio Jorge, vice-presidente de Relacionamento com o Cliente da AES Brasil.
“Nosso grau de incerteza quanto ao Capex (investimento) é muito menor, por causa da disponibilidade de máquinas. E hoje os clientes fazem mais ‘due diligence’, pedem planos de gestão de comunidades locais, não é só comprar energia renovável. A Unipar já é nossa sócia, eles veem como gerimos o licenciamento ambiental, o projeto para qualificação de mulheres em Tucano”, acrescentou Jorge.
Ainda de acordo com o executivo da AES, a decisão de construir um parque eólico num local diferente do primeiro traz algumas vantagens, como a diversificação geográfica, que permitirá o aproveitamento dos ventos de cada região.
A AES Brasil vem desenvolvendo paralelamente dois complexos eólicos no Nordeste. Cajuína soma quase 1,3 gigawatt (GW) de capacidade instalada, sendo que 473 MW já possuem contratos com grandes consumidores de energia, como Alcoa, BRF (SA:BRFS3), Ferbasa (SA:FESA4) e Minasligas. Já Tucano, na Bahia, tem 322 MW contratados e mais 260 MW disponíveis para venda.
Após o anúncio do negócio, a AES Brasil atualizou em um comunicado em separado suas projeções de investimentos totais para o período 2021-2025, para aproximadamente 3,9 bilhões de reais.