Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) – A probabilidade de a inflação ultrapassar os limites do intervalo de tolerância da meta este ano subiu de 88% na estimativa de março para 100%, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central, que também aumentou a estimativa da chance de estouro em 2023, de 12% para 29%.

“As projeções de inflação subiram em todo o horizonte considerado”, disse o BC no documento.

De acordo com o BC, entre os fatores que levaram à revisão das estimativas para cima estão a inflação recente maior do que o esperado, revisão das projeção de curto prazo, elevação dos preços do petróleo e a propagação das pressões inflacionárias por inércia.

A autoridade monetária também mencionou o crescimento das expectativas de mercado para a inflação, indicadores de atividade econômica mais fortes que o esperado e aumento da taxa de juros real neutra.

A meta de inflação para este ano, já abandonada pelo Banco Central, é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Para 2023, atual foco da política monetária, a meta é 3,25%, também com a mesma margem.

O relatório aponta que no trimestre encerrado em maio a variação do o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou 1,08 ponto percentual maior que o esperado pelo BC em seu cenário de referência feito em março.

“A surpresa inflacionária no trimestre decorreu do comportamento dos preços livres, principalmente de alimentos. A inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta, e os recentes choques continuam levando a um forte aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis”, afirmou.

Segundo o BC os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária seguem com inflação elevada e houve aceleração das diversas medidas de inflação subjacente –que desconsideram elementos mais voláteis.

O relatório foi apresentado com uma semana de atraso por conta da greve de servidores do órgão. Normalmente, a divulgação é seguida de uma entrevista à imprensa pelo presidente do BC, o que não será feito nesta edição porque Campos Neto já concedeu a coletiva na semana passada, quando parte das projeções do documento foram antecipadas.

Na ocasião, o presidente do BC disse que o pior momento da inflação no Brasil já passou e que o país está muito perto de finalizar todo o trabalho de elevação de juros para domar a alta de preços.

Em maio, o IPCA desacelerou e veio abaixo do esperado pelo mercado ao registrar uma alta de 0,47%. O IPCA-15, no entanto, voltou a acelerar em junho e ficou em 0,69%, acima das expectativas, com a taxa acumulada em 12 meses permanecendo acima de 12%.

Em junho, o Banco Central subiu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e disse que antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude, na reunião de agosto. A autoridade monetária não especificou na ocasião se esse seria o último ajuste do agressivo ciclo de aperto monetário iniciado em 2021.

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