Ação ocorre um dia depois de o país anunciar um plano para estender prazos de sua dívida com credores privados e renegociar o vencimento de empréstimos com o FMI.

Por G1

29/08/2019

A Standard & Poor’s (S&P) informou nesta quinta-feira (29) que decidiu rebaixar o rating da Argentina de B- para SD – que, pelos critérios da agência de risco, significa que o país entrou em “default seletivo”, ou seja, deixou de pagar sua dívida.

A ação ocorre um dia depois de o país anunciar um plano para estender os prazos de vencimento de sua dívida com credores privados e renegociar o vencimento dos seus empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

No comunicado em que anunciou o corte da nota, a S&P citou a decisão tomada “unilateralmente” pela Argentina de adiar o pagamento de dívidas de curto prazo com credores privados. “Isso constitui ‘default’ pelos nossos critérios”, disse a agência.

A S&P também citou em sua análise sobre a piora do perfil de crédito da Argentina a “rápida deterioração do ambiente financeiro” do país, com a “falta de confiança dos mercados financeiros” em relação às eleições de outubro. A agência mencionou ainda a forte desvalorização do peso argentino, os receios em relação à inflação no país e os riscos de uma profunda recessão econômica.

Em meio a uma forte crise econômica, a Argentina já vinha enfrentando forte volatilidade nos mercados financeiros nas últimas semanas por causa de expectativas em torno das eleições de outubro. O dólar disparou sobre o peso e os índices de ações passaram a despencar quando o presidente Mauricio Macri sofreu uma derrota inesperada e esmagadora nas eleições primárias de 11 de agosto, com o oposicionista Alberto Fernández saindo vitorioso. O mercado considera Fernández menos comprometido com reformas econômicas consideradas importantes pelos investidores.

A situação piorou após o anúncio sobre o anúncio da Argentina sobre o plano para alongar sua dívida. A medida causou forte volatilidade no mercado de câmbio. Apenas na quarta-feira, o banco central argentino gastou US$ 367 milhões de suas reservas em intervenções no mercado de câmbio, parte de um esforço para defender o peso da desvalorização, destaca a Reuters.

Somente no mês de agosto, o dólar já subiu mais de 32% sobre o peso argentino, segundo o Valor Pro. Em 2019, a alta acumulada da moeda norte-americana sobre a argentina é de 54%.

Os spreads dos títulos argentinos sobre os Treasuries (títulos da dívida dos EUA), que medem o risco de default (o calote da dívida), chegaram a disparar 184 pontos-base nesta quinta-feira, para 2.256 pontos-base, segundo o índice de títulos de mercados emergentes do JP Morgan.

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