Indústrias mais afetadas têm sido as de instrumentos de precisão, maquinários, automóveis e equipamentos de comunicações

Por Assis Moreira, Valor

04/03/2020

A contração na produção de partes e componentes na China em fevereiro causou uma perda estimada em US$ 50 bilhões para os outros países em torno do mundo, segundo cálculo da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

A China é responsável por 20% do comércio mundial de bens intermediários e tornou-se um fornecedor essencial de peças e componentes para vários produtos como automóveis, telefones celulares, equipamentos médicos e outros.

A Unctad leva em conta a contração de 2% na produção de bens intermediários chineses, em base anual. O resultado provocou um efeito dominó na economia mundial, afetando a capacidade produtiva e as exportações de vários países, além de ilustrar a dependência de indústrias em torno do mundo em relação aos fornecedores chineses.

Em fevereiro, as economias mais atingidas são a União Europeia, com perda estimada em US$ 21,6 bilhões pela falta de bens intermediários para maquinários, automóveis e químicos. Os EUA perdem US$ 8,5 bilhões, incluindo a indústria de instrumentos de precisão. O Japão tem prejuízo de US$ 6,4 bilhões, a Coreia do Sul de US$ 4,4 bilhões, Taiwan de US$ 3,3 bilhões e Vietnã de US$ 2,6 bilhões.

As indústrias mais atingidas no exterior pela perturbação nas cadeias de produção chinesas tem sido as de instrumentos de precisão, maquinários, automóveis e equipamentos de comunicações.

Somente a indústria automotiva teria perdido US$ 7 bilhões em fevereiro por não poder completar a produção. Um empresário recentemente reclamava que só uma pequena peça chinesa para fechar o vidro de um carro já provocava problemas na fabricação.

Para a Unctad, alguns fabricantes automotivos na Europa podem ainda enfrentar escassez maior de componentes para suas operações, e empresas no Japão podem ter dificuldade em obter partes necessárias para montar câmeras digitais.

Os US$ 50 bilhões de perda total se referem apenas a fevereiro. Um impacto maior poderá ser visto dentro de algumas semanas, quando muitas mercadorias encomendadas, mas não embarcadas, deveriam entrar na produção em vários cantos do mundo.

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